resposta
[Bem mais que o tempo que nós perdemos, ficou pra trás também o que nos juntou.
Desfaz o vento o que há por dentro desse lugar que ninguém mais pisou.
Você está vendo o que está acontecendo?
Sem mais, eu fico onde estou; prefiro continuar distante.]
E já não entendia e nem queria entender. Como sempre.
Afirmava com tanta certeza que nada tinha sentido que já não sabia se as coisas realmente não tinham sentido ou se apenas não queria ver, para que pudesse continuar afirmando.
Se escondia. Sempre. Nunca estava em primeiro plano e nem de longe quisera estar em um único plano.
Fugia. Era mais fácil.
Chorava. De tristeza, alegria, pela liberdade que tanto queria e agora tinha, pela dor; para lavar a alma, talvez. Não sabia.
Queria. Queria muito, mas quando olhava em torno de si, via que não havia o que querer. Não havia futuro, o passado já não existia e o presente era algo que, achava, injusto.
Escolheu. Tinha muitas opções e escolheu uma delas. Pediu para que ela fosse embora porque sabia que ele não conseguiria ir. E ficou só, com um monte de lembranças que o tempo ia levando embora, quer ele quisesse, quer não.
Não sabia o que sentia. Não sabia como se sentir. Quisera ele poder entender e explicar tudo o que se passa dentro de sua cabeça. Mas não conseguia, nem sequer tentava. Apenas queria.
E ela não se importava. Não entendia e nem queria entender. Fechou aquela porta com tantos cadeados, que mesmo sem jogar as chaves fora e mesmo que quisesse, não seria capaz de abrí-la de novo.
Ora. Ela se reinventou e, pensando nisso, ela percebeu que não sabe onde ele foram parar ele e as lembranças dele; ela abandonou em qualquer lugar e foi embora, exatamente como ele havia pedido - ainda que sem querer.
Talvez até lamente por eles. Se um dia ele quiser voltar, se um dia ele olhar pra trás, não vai encontrá-la. Ela já não existe mais. Não para ele.