carnaval
Feriado para o qual eu nunca dei muita importância. Deveria dizer "principalmente agora, que ainda estou de férias" e a conclusão final seria que nada mudou de quinta para sexta. Mas eu estaria mentindo.
Esse carnaval foi diferentemente especial. Por tudo o que fiz, nas coisas que pensei, nas que descobri e pela promessa que quebrei - coisa da qual eu não deveria sentir muito orgulho, confesso. Mas pude perceber que o primeiro pão de mel trufado coberto com chocolate depois de mais de 40 dias sem doce tem um gosto muito melhor do que o do primeiro pão de mel que se come na vida (será que deu pra entender isso?).
Bom, feriado ultra especial então - ganhei uma marreta do tipo Chapolim, um corneta divertida por ser bem barulhenta e um jogo daqueles do tipo "tira palito". Adorei.
Uma coisa que passou pela minha cabeça e que eu achei até interessante foi o que pensei quando passei na frente do espelho e me peguei dando uma "olhadinha" em mim.
Achei interessante como o espelho parece uma janela.
Até aquele espelho, uma parede me acompanhava de maneira tediosa e eu ia andando pelo corredor pensando em nada. Mas quando passei na frente do tal espelho, voltei uns passos e parei ali. Engraçado como parece que aquele pedaço de vidro é um "tempo" que você tem longe do mundo. É um tempo pra você olhar para você e ver como você está. Ninguém precisa perguntar nem nada, você só olha para você e faz uma auto-análise.
A parede continua, o mundo continua e ainda que na maior correria, você sempre tem um tempo para parar e ver como tempo tem agido sobre você, o que você tem hoje que você não tinha ontem ou mesmo o que você não tem hoje que tinha ontem.
Talvez o espelo reflita exatamente a maneira como os outros veêm você mas talvez você veja que é muito mais do que se é possível ver; talvez você descubra que as aparências enganam ou que você tem levado muito à sério o que você refletido. Talvez perceba tem desprezado o seu corpo para conseguir cumprir todos os seus deveres e tenha se esquecido que cuidar de si tmabém é um dever. Reparei em mim e depois reparei que é possível se pensar e descobrir um monte de coisas através de um espelho.
Em todo caso, o que vi foram algumas espinhas, uma cicatriz minúscula no nariz, um rosto fora de sintonia com uma mente. Vi também um abraço, um coração que batia mais forte e um sorriso secreto, que eu uso só pra ele.
Depois recolhi meus pensamentos, coloquei-os numa mala e guardei em algum lugar de fácil acesso.
A parede continuava, o mundo continuava e eu também continuava andando. Mas diferente do que eu era alguns segundos antes. Sempre diferente.
[Quando juntarmos você comigo, cordão umbilical e umbigo, a gente vai ser só um. E até lá, não vou caminhar mais sozinho, o distante será meu vizinho e o tempo será a hora que eu quiser.]