coragem, mulher.
Cheguei atrasada.
Me sentei e comecei a prestar atenção. Consegui; até a aula de redação.
Sei lá eu o porque, mas os pensamentos alheios que surgiam pura e simplesmente na minha cabeça colidiam com tudo aquilo que o professor falava e eu comecei a ficar inquieta, apesar de nada fazer sentido. Mesmo.
A distância entre aquele pouco que preciso e o que tenho, aqueles desejos que achei que tivesse largado pelo caminho, as pessoas que amo, tudo o que escrevo e o pouco que tenho escrito me fizeram querer sair correndo.
E o professor falava. E ainda que ouvindo mp3 e fingindo que não estava ali, eu ouvia.
Ler faz com que se conheça o mundo e quanto mais se conhece, mas eu posso me diferenciar dele. Ler bastante é muito importante para se escrever bem, mas escrever sempre é imprescindível.
Escrever bem é conseguir interferir na vida dos outros, no pensamento dos outros, nos seus sentimentos. Interferir é deixar as pessoas marcadas, fazer com que aquele que começou a ler seu texto seja diferente depois de ler a última linha.
Palmas pra ele. Interferiu naquele meu momento e me fez sair de lá pra respirar.
Saí. Andando, mas saí.
E vim para casa pensando que os meus sonhos não vão agradar à todos, isso é fato, mas que eu não posso desanimar por conta disso. Não posso deixar de lado toda a fé, força e coragem que tenho para ficar onde estou sabendo que tem um mundo inteiro lá fora.
Que eu vou chegar lá, seja lá onde "lá" for - "para quem não sabe onde vai, qualquer lugar está bom".
Que o que tiver que ser meu só não vai ser meu se eu deixar isso acontecer.
E por mais que eu saiba que não vai ser fácil e nem pouco dolorido, coraaaagem, mulher.
Porque o que seria do mundo se todos desistissem antes de tentar?
[De volta ao mundo real, hora de fazer ser real aqueles meus velhos sonhos; bora estudar porque o caminho longo.]