quarta-feira, 6 de agosto de 2008

mentiras mostradas e publicadas

Uma vez li uma frase estranha, daquelas que não tem muita utilidade e ainda assim, a gente não esquece.
"Momentos de felicidade congelados."
Não lembro onde li, mas obviamente falava de fotografias.
É engraçado o que essa história de se vender por fotos e palavras sem precisar trocar nenhum olhar, faz.
Colocamos meia dúzia de fotos bonitas, arrumadas no Photoshop ou com uma excelente luz, e colocamos algum texto que lemos um dia e achamos bacana, e, de repente, somos pessoas legais!
Vendemos mesmo a vida que queríamos ter. A felicidade que gostaríamos que as pessoas acreditassem ser nossa. O corpo com o qual sonhamos.
Tudo é manipulado para ser vendido.
E nós queremos comprar tudo.
Ser você mesmo de repente fica difícil. De repente, você não é a mesma pessoa que todo dia se conecta na internet.
Fica difícil conviver consigo mesmo.
Vendemos nossos sonhos. Assim, fácil, pra quem quiser pegar. Ficamos vulneráveis mostrando, logo de cara, quais as nossas fraquezas, aquilo que mudaríamos se pudéssemos, o que não gostamos em nós mesmos.
Tentamos deixar de sermos pessoas para ser o que todo mundo desejem, para que desejem ser como nós, para que sejamos desejados.
Momentos de felicidade postados. Com as palavras certas, chegamos lá; o dia de cão que tivemos e todo o esforço que fizemos para que respirar fosse suportável, no final, mais parece um conto de fadas qualquer.
Fico bonito, fica agradável.
O mundo que figimos que existe e, mais, que é nosso.
Vendido.
A custo de quê?

Prefiro ser o que sou a ser o que quero parecer.
Uma das coisas que mais gosto em mim é a sinceridade, honestidade, olhar nos olhos e dizer o que está acontecendo.
Independente do quanto isso me custe.
Independente do quando isso tenha me custado.
Não vou mudar porque, como eu falei, isso é uma das coisas que mais gosto em mim. E eu venho em primeiro lugar.
Dá para conviver com as consequências se eu me aceitar como sou e admitir que todos os meus atos foram pensandos com o coração.
Não há do que me arrepender.