terça-feira, 24 de abril de 2007

érre-á-vê-ê.

De repente a gente fecha os olhos e tudo o que acontece ao nosso redor nós apenas somos capazes de sentir.
De repente não existe nada no mundo mais perfeito do que aquela batida em sintonia com o nosso corpo - que já não controlamos - e que fazem com que pulemos, dançemos e gritamos só para que não nos arrependamos de não levarmos dali tudo o que podemos.
Abrindo os olhos, tudo o que se vê são pessoas fazendo com que tudo valha a pena, com que "gastar todas as energias agora e ir até onde ninguém jamais chegou" não seja mais apenas uma vontade qualquer de uma juventude qualquer em uma época qualquer.
De repente o mundo não nos afeta, não existe outra vontade dentro de nós do que viver o que somos , ali, agora.
E inconscientemente todos pulam juntos, todos gritam juntos, sentem juntos que toda a perfeição que existe no universo está bem ali, entre nós.
Todos os corações batem juntos e ninguém ali quer saber de outra coisa além de fazer todos aqueles segundos se tornarem um set imenso que, depois desse momento, só vai tocar para quem estava lá, para quem viu, para quem desejou e pulou até não conseguir mais ficar de pé. Só para dar um sentido, ainda que desconhecido, para isso que chamamos de "vida"; e há a certeza de que só há vida ali dentro: lá fora, não há nada nem ninguém.

Sera que lá fora, no mundo normal e sóbrio, as pessoas sentem? São acustumadas desde sempre à ter uma jornada de trabalho ou de estudos muito maior do que o tempo com que passam com a própria família.
Lá fora, há pessoas prontas que aceitam tudo o que lhe é dito sem questionar ou refletir; não há o direito de construir nada, de mudar nada.
Mas ali dentro, só há nós.
Há uma só vibe, uma só vontade e uma seqüência inesquecível de imagens e sensações que só quem cria e entende somos nós.

Não é preciso de nada do que há lá fora; porque no meio daquele resto de Mata Atlântica, há um estrela. Um ponto de luz pequeno e inconstante, mas presente.
Há a Terra tremendo sob os nossos pés.
E que o céu desabe, se ele quiser; ali, cada resquício de idéia insana é exclusivamente... Nosso.



[Prefiro fechar os olhos e continuar ouvindo aquela música - que eu ousaria chamar de momento - que só quem estava lá teve a honra de presenciar.]