indo
As palavras entalaram na garganta e ela ficou quieta. Tentar falar daria início a uma tempestade e ela não queria isso. Engoliu as palavras até conseguir digerí-las e desistiu de colocar as idéias em ordem.
Talves se sentisse egoísta agora. Talvez apenas um pouco mais confusa do que o normal.
Não sei. Ela não soube me explicar como se sentia e não imagino que eu fosse capaz de entendê-la.
Sumiu.
Bom, não sumiu realmente. É só um modo de dizer que colocou os fones de ouvido que tanto amava e aumentou o volume até o máximo.
Foi aí que o resto do mundo parou de fazer barulho e ela pôde ficar sozinha com a melodia agradável e os pensamentos pouco claros - é mais ou menos nessa parte que entra o "sumiu".
A chuva não fazia diferença, as folhas que caíam fora de época também não; as pessoas na rua, o horário e aquelas idéias inacabadas de coisas nem ainda começadas, menos ainda.
Só queria ir embora.
Ou ficar, mais do que era capaz de suportar.
[E o que tiver que ser, será; mas eu gostaria mesmo era de ficar lá, onde a alma encontra o corpo.]