ciranda
[As piores guerras se fazem em silêncio.]
Era uma grande interrogação pra mim então pedi a opinião dele.
Todo aquele passado/presente sem futuro fez com que de repente o ar se enchesse de um silêncio sufocante, numa sala onde toda a chateação era liquida e tão volumosa que dominava o chão e vinha bater nos nossos joelhos. E tudo o que se ouvia era o som de palavras jamais pronunciadas.
Foi nessa hora que o tempo decidiu não passar.
Eu queria sair, eu queria correr, eu queria fugir.
Mas o tempo não passava e a hora de vir embora não chegava.
Pela primeira vez em séculos não tive vontade de ouvir música ao voltar.
Não tive sequer vontade de voltar.
Mas voltei.
Voltei.
E se a vontade inicial era dizer "oi, tudo bem?", agora tudo o que eu quero é me esconder.
Ainda caibo aí dentro do seu casaco com você?
Ainda posso caber?
Não tente me entender.
Nem eu me entendo.
Porque agora eu sei que se ele disser que gosta de tudo o que eu escrevo, vai estar mentindo. E também sei que terá medo das minhas palavras e da possibilidade de estarem escondendo fantasmas de gente morta atrás de uma melodia charmosa.