domingo, 27 de maio de 2007

pela janela do carro

"Se eu soubesse, teria trazido meu mp3. Pelo menos o tempo passa mais rápido ouvindo música."

E pra qualquer lado que se olhasse, havia gente. Pessoas brincando, casais andando por aí numa noite pouco convidativa, pessoas voltando de alguma balada, outras indo; algumas apenas paradas e conversando, outras consertando um carro quebrado e, como não podia deixar de ser, pessoas bêbadas. Mas todas sorrindo.
Não se andava mais de um quarteirão sem se ver meia dúzia de pessoas.
Vida.
A noite faz isso com as pessoas.

Uma metáfora que surgiu sem aviso prévio me fez pensar que, assim como as luzes foram criadas para que se pudesse ver as coisas - mas somente aquilo que se quer ver (afinal, não há luzes por todo o planeta) -, à noite as pessoas mostram aquilo que elas querem que os outros vejam.
Em alguma conversa sem muito utilidade com algum amigo meu, brinquei "ah, é que depois das 22 horas você se revela!"
Brincadeiras à parte, não é verdade que à noite as pessoas aceitam ser um pouco mais elas?

Acho que a noite inspira a sinceridade.
Ainda que sem perceber, sempre gostei da noite.
Só nunca tinha parado para pensar porque eu a achava tão bonita.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

outras palavras

Mate o mosquito!

E, se possível, mate também o passado insano - insano banhado em alguns goles de álcool - que lhe condena.
É, isso mesmo. Bata palmas, bata com um pano, bata com um martelo, com uma marreta ou com o que estiver mais perto. Se ele estiver mal e caído no chão, pise com a toda a sua força, chute para bem longe, dê-lhe um nó com o próprio corpo. Afogue, jogue água quente, coloque no forno, congele, faça dele um bonequinho de voodoo ou uma cobaia, onde você pode tentar colocar seus primeiros piercings. Se ainda assim você não estiver satisfeita, jogue-o de um penhasco, grite na orelha dele até o nariz sangrar (!), mande-o passear no inferno - ou na água da privada, se esta estiver mais perto. Depois... Bom, depois é só ir dormir tranquila e rezar, para um deus que eu não sei se existe, para que tudo isso seja mais do que um sonho.

Mas como eu acho que não dá para sacrificar nosso próprio passado, sacrifiquemos então os mosquitos - que, por acaso, são o passado - e chamemos os melhores amigos para vê-lo se fuder conosco.
Porque se não der certo, ao menos rendeu boas risadas.

"O Mosquito", de Vinícius de Moraes.

O mundo é tão esquisito:
Tem mosquito.

Por que, mosquito, por que
Eu . . . e você?

Você é o inseto
Mais indiscreto
Da Criação
Tocando fino
Seu violino
Na escuridão.

Tudo de mau
Você reúne
Mosquito pau
Que morde e zune.

Você gostaria
De passar o dia
Numa serraria —
Gostaria?

Pois você parece uma serraria!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

where do I begin

Tá ounvindo a batida dessa música aí?
Essa mesmo, que faz com que você feche os olhos e ache que tudo é possível. Que faz com que você diga que não tem sonhos, tem planos. Que lhe mostra um caminho, ainda que sofrido, para chegar lá.
Chegar lá aonde?
Sei lá.
Só sei que enquanto o meu mp3 tocar música eu puder andar, irei até o infinito - ou até acabar a pilha.

Coisas boas e confusas acontecendo.
Mas não tem problema porque tudo o que importa é a fé que você deposita em você.
E só.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

especial, ainda que comum

O ar nunca pareceu tão leve.
Seu beijo nunca foi tão doce.
O abraço aquecia.
O sorriso alegrava mais do que o habitual.
As flores não poderiam ter um cheiro melhor.
A noite nunca esteve tão bonita.
E tudo o que eu sentia eram minhas mãos fazendo carinho no seu rosto; aquele carinho que faz você virar e me olhar como se fosse a primeira a vez; aquele que faz você virar e sorrir como criança. E eu não preciso de mais nenhuma palavra para entender o que você quer dizer. Como todas aquelas vezes em que você nem sequer tenta se explicar com palavras porque sabe que seus olhos o fazem melhor.

- It was [ her name ] who never fully recovered. It was she who somehow knew your best and like you, she never forgot that one night where the true love seemed possible. Consequeces, [ his name ] . It's the little things.

- The little things. There's nothing bigger, is there?

Nunca esqueci aquela noite em que um amor verdadeiro me pareceu tão próximo que me fez acreditar que depois de muito tempo eu estava no lugar certo.
Foi aquele abraço que me fez ter certeza de que estar finalmente era ser.
Ouvi dizer que "the sweet is never as sweet without the sour". Acho que tudo vem na hora certa e eu mereci tudo o que me aconteceu; tudo o que era doce e tudo o que era amargo.
E hoje eu posso definir "doce" como o sentimento de que não importa o quanto eu suba ou o tamanho do tombo, eu sei que você sempre estará comigo. Ainda que lá fora haja o fim do mundo ao invés de um céu de baunilha.



Quero ficar com você hoje aqui pra sempre.

E pela primeira vez não minto quando digo que preciso de alguém.

[To me, you are perfect.]

quarta-feira, 16 de maio de 2007

[sem idéia de título]

Bagunça.
Pedreiro, carreto, o homem que veio tirar as medidas pra fazer as prateleiras da despensa, gatinhas correndo pra lá e pra cá e eu, que nem tinha acordado direito.
Toneladas de louças lavadas.
Fome.
Centenas de docinhos enrolados (porque domingo é aniversário da irmã).
Vizinho que veio trazer o computador arrumado.
E eu almoçando lanche do McDonald's num banquinho bambo no meio do quintal - pelo menos o tempo estava agradável.

Aí eu, feliz e contente, pensei "poxa! Agora que o computador tá tocando música, posso entrar no Pandora!"
Posso, posso? POSSO?
NÃO! NÃO POSSO!
E sabe porque?

Descubra você mesmo!

Tudo bem, tudo bem; já que não dá para ouvir o Pandora - e a irmã fica me xingando quando eu coloco o cd do Daft Punk - eu me satisfaço ouvindo o álbum "Busted Stuff", do Dave Matthews Band.
(E tudo isso é só pra dizer que recomendo "Busted Stuff" e "Homework" - o álbum do Daft Punk; a não ser que você tenha uma irmã que passe o dia ouvindo Barlow Girls e Kelly Clarkson e que te xingue quando você coloca Daft Punk.)

Depois, fuçando aqui, eu descobri que dá pra ampliar as fotos que eu coloco nos post clicando em cima dela!
Demorou, mas eu descobri!
Agora tudo é mais divertido... Mesmo sem o Pandora.



[Então já que dá para ampliar as fotos, colocarei aqui algumas um tanto quanto interesantes/inúteis; com direito à legendas idiotas.]

Questão de ponto de vista...

"Só porque é 1hr da manhã eu tô largada no terminal de trólebus, não significa que eu sou meliante, tá!?"

O que você vê???

Ahhh!

O que seria de mim se tamanho fosse impedimento...

Gato escaldado tem medo de fotogafia.

- Olhá só, seu pé cabe na minha mão!


Como eu acho que já tá bom, eu vou embora.
E mesmo que não esteja bom eu vou embora.
Porque eu tô com sono e eu quero ir embora.
Porque eu preciso tomar banho!?
Tá, eu não "vou embora"... Eu vou pra minha cama - depois de passar pelo chuveiro -, que não é muito longe daqui, do meu computador; que não é meu.
E porque eu tô me justificando?
Não sei... Faço isso quando tô com sono.
Então tá, fica assim.

.beijo[outro]tchau.

domingo, 13 de maio de 2007

mãe; definição

Preguiça de pegar o dicionário Aurélio grande, velho e pesado que fica na estante; vai de google mesmo ("dicionário virtual"; enter; clique duplo na primeira página que aparece).

Mãe: do Prov. may < maine < Lat. matre
s. f.,
mulher ou qualquer fêmea que teve um ou mais filhos;
mulher que dispensa cuidados maternais;
mulher caridosa e desvelada;
madre;
borra de vinho;
fig.,
origem;
fonte;
causa.

Não, não...Não tá certo isso - mas devo confessar que "borra de vinho" é novo pra mim... Será que se ao invés de dizer "mãe" eu disesse "borra de vinho" as pessoas entenderiam? "Então, minha borra de vinho veio me perguntar quando vai ser avó".
Enfim, eu corrijo essa definição.

Mãe: exemplo de vida;
pessoa guerreira e generosa - do tipo que dá tudo, inclusive as coisas que não tem nem pra si, para os filhos. Veradeira, intensa, sincera e brava - sempre que necessário; carinhosa ao extremo;
pessoa se preocupa com a gente e nos ama incondicionalmente;
pessoa abençoada - claro; entre tantas mulheres no mundo, justo essa é que foi ser nossa mãe -, que tem fé em nós e nos nossos planos, ainda que não sejam os mesmos que ela planejou para nós;
personificação do amor, em seu mais significado mais divino;
pessoa que briga mas também abraça;
pessoa que nunca nos abandona, ainda que não nos entenda;
pessoa sempre disposta a dar um abraço, enxugar nosssas lágrimas ou chorar conosco. Que faz o possível e impossível pelos filhos em todos os momentos de sua vida;
tão forte é o significado de ser mãe que, quando se perde um filho, a dor é tamanha que até hoje ninguém ousou criar uma palavra para tentar descrever;
origem de nossas vidas, fonte de nossa fé em nós e causa de nosso caráter;
(E, como não podia faltar) borra de vinho.


Palmas para a pessoas mais fantástica que tive o prazer de conhecer e que de tão generosa, é pai também.

Parábens para ela.









[E só para ninguém achar que somos sérias...
Te amo, feiosa.]

sábado, 12 de maio de 2007

palavra do dia

Incondicionalmente.

Incondicional: adj. 2 gén., que não depende de condições, que não é condicional; absoluto, total.

E ainda há muito o que crescer.

Mas é simples assim:
Incondicionalmente.



[Amo.]

quarta-feira, 9 de maio de 2007

- desenha-me um carneiro...

Já me falaram tanta coisa e tanto sobre o livro "O Pequeno Príncipe", que eu decidi alugá-lo.
Quando o peguei na biblioteca, a primeira coisa que pensei foi "nossa, como é pequeno!".
Como será que um livro tão pequeno pode causar tão grande impacto?
Essa dúvida foi embora logo na primeira página.

A Léon Werth

Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande. Tenho um desculpa séria: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo. Tenho uma outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança. Tenho ainda uma terceira: essa pessoa grande mora na França, ela tem fome e tem frio. Ela precisa de consolo. Se todas essas desculpas não bastam, eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças (mas poucas se lembram disso). Corrijo, portanto, a dedicatória:
A Léon Werth
Quando ele era pequeno.

Conquistada.
Fui lendo o livro com a maior calma do mundo para não perder nada.
Engraçado como, quando somos crianças, tudo é muito mais simples. É o que vamos aprendendo como sendo "importante" que nos faz esquecer de como é fácil ser feliz.

"Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos."

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar."

Essas são só algumas frases, mas o livro inteiro é muito bom.
E me pergunto se é mesmo um livro para crianças.
Terminei o livro com a sensação de que ou sou muito criança ou o livro é para todos - inclusive para os que acham que é só para crianças.

"Eis aí um mistério bem grande. Para vocês, que também amam o princepezinho, como para mim, todo o universo muda de sentido se num lugar que não sabemos onde, um carneiro, que não conhecemos, comeu ou não uma rosa."


[Acho que o livro é para todos mesmo.]

O Pequeno Príncipe (ler pela internet)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

conto

O dia se fazia mais feliz e iluminado quando ela chegava. E ele sabia que nada poderia ser mais perfeito.
Casaram-se.
Casamento simples, cerimônia simples, festa simples; eles precisavam apenas um do outro.
E todo dia tudo era demasiado perfeito para ser verdade. E ainda que não acreditassem que não era um sonho, eles não perdiam tempo se questionando e viviam cada segundo como se fosse o último.

Quando achavam que nada poderia estar melhor, ela engravidou. Deu à ele o que ele mais queria e assim que pegou a filha no colo, sentiu que ia explodir; que a alegria não cabia dentro dele.
Depois vieram mais dois - meninos - e ele se sentiu feliz, mas não mais completo.

Nenhum dos dois sabe dizer quando os segundos pararam de correr como se fossem os últimos. Deixaram as coisas apenas acontecerem e acabou que o tempo fez tudo gelar. Fez a magia virar tédio e as exceções fazerem parte do cotiadiano.

Ele foi desistindo de tudo aos poucos, sem preceber, e foi devagar que aquela euforia do copo de cachaça bebido socialmente passou a ser necessária. Já não podia mais se controlar. Julgou que o que o cercava não merecia seu olhar mais clínico e aceitou sem questionar quando lhe disseram que isso acontecia mesmo e que nada poderia ele fazer para mudar as coisas. Achava a sobriedade um fardo pesado demais para ser carregado e preferia passar a maior parte do tempo o mais longe possível de tudo.
Era incapaz de perceber o que perdia, de medir suas palavras e seus atos e de compreender que as coisas só estavam como estavam porque ele não fez nada para que elas fossem diferentes.
Na sua mente banhada na aguardente, imaginava que a culpa era dos outros.

Até quando?
Até onde?
Para que saber os limites quando sua presença era tão incômoda que se tornara invisível, insignificante?
E perdia tudo. Perdia todos. Se perdia de si e se perdia do mundo.

O fato é que alguém, em algum momento, esqueçeu de lhe dizer que ele podia beber, desde que isso prejudicasse única e exclusivamente à ele.
Que se a realidade era pesada demais para que ele a carregasse, isso era um problema dele; o que não lhe dava o direito, de maneira alguma, de tratar mal as pessoas que o cercavam. De tratar a mal a mulher que, ainda que ele não queira admitir, cuida dele agora como cuida há tantos anos, aquela que o fez perder o fôlego e que, um dia, o fez ser completo.

Aonde foram parar o respeito, a lealdade e, acima de tudo, o amor?
A minha teoria é que foram afogados num copo de cachaça, num bar qualquer.
Sabe-se lá porque as pessoas afogam o que realmente importa naquilo que as distrai.

[Lamentável, meu caro Watson.]

sexta-feira, 4 de maio de 2007

[ ... ]

Falar das coisas do coração nunca é algo fácil.
Não o é por não ser fácil de explicar, por não ser fácil de entender.

O que acontece é que cabeça e coração não trabalham em conjunto e muitas vezes as coisas acabam se misturando. E digo que não é fácil falar sobre o que se sente porque o quanto a cabeça ou o coração interferem no nosso jeito de agir ou de pensar muda muito de pessoa para pessoa.

Entorpecente.
O amor, sejá lá o que for, nos entorpece. É como se estivessémos embriagados, como se todos os movimentos fossem feitos de uma lerdeza graciosa e o resto do mundo fosse apenas um mero detalhe.
Talvez por isso alguns tenham medo de amar e muitos que amam acabam se machucando.
Sendo um bêbado, é muito fácil não perceber quando é hora de ir embora. Considerando que a embriagez faz com que não nos aguentemos nas nossas próprias pernas, perdemos a noção de quando estamos juntos por amor e quando estamos juntos simplesmente porque nos habituamos a estarmos juntos.

É fato que quando nos apaixonamos, aceitamos nos doar para a outra pessoa, a abrir exceções; mas perdidos no nosso delírio, somos incapazes de distinguir quando "nos doar" e "abrir exceções" se torna "abdicar à tudo que gostamos e somos".
Perdemos nossa identidade e, depois, de volta à nossa plena consciência, não sabemos dizer onde.

Não digo que não deveríamos nos apaixonar e sim que devemos nos manter sóbrios mesmo apaixonados.

A principal coisa a fazer é querer ficar sóbrio; não o tempo todo, apenas o tempo necessário para sabermos se é amor ou apenas uma necessidade insana sabe-se lá do quê.
Para quem não sabe onde encontrar a tal sobriedade, digo que ela se encontra a apenas alguns passos de nós: é necessário se distanciar da situação para saber se nós mudamos pela outra pessoa; se desistimos de sermos nós para a fazermos feliz.
E mais do que qualquer outra coisas, é necessário ter coragem; coragem de encarar as coisas como são mesmo sabendo que elas podem não ser do jeito que gostaríamos.

Precisa-se ter em mente que nada, absolutamente nada, acontece por acaso; que tudo tem o seu ponto positivo (ainda que não seja bem aquele que queremos); e que nada dura mais do que tem que durar. Por mais que queiramos.

Definitivamente, não é qualquer um que tem a coragem necessária para abrir os olhos e aceitar as coisas como elas são, independente se vamos ficar felizes com o resultado e correr para o abraço ou se vamos nos dar conta de que é hora de ir embora - e ir embora.

Há uma linha que separa o que é do que já foi e quando se pisa nela é hora de ir embora. É hora de assumir que as coisas não são como antes, que o tempo ou a falta de vontade ou qualquer outra coisa fez o especial tornar-se comum e cotidiano.
Talvez se tente recuperar aquela época que muitas vezes não está tão distante. Talvez se consiga recuperá-la, talvez não. O fato é que preciso ser sensível o suficiente para perceber que nem tudo é pra sempre e não se pode ter medo de mudar. De começar de novo, de tentar outra vez.

Coragem.
Amor.

[Sempre.]

quarta-feira, 2 de maio de 2007

rua marechal deodoro

Estava andando na Marechal (Deodoro).
Engraçado como todas as vezes em que ando na Marechal me lembro daquela comunidade do orkut, "eu odeio andar na Marechal".
Naquele calor infernal, no meio daquela multidão, eu tentava chegar à biblioteca quando uma dessas pessoas legais, do tipo que custuma andar na Marechal, decidiu subitamente parar. Aí eu dei aquele esbarrão na pessoa, quase cai no chão, quase a derrubei no chão com tudo o que ela carregava, pedi desculpas - como se a culpa fosse minha; tudo bem, tudo bem, a gente releva - e fui embora.
Mais adiante, entra na minha frente uma daquelas pessoas que só querem te atrapalhar. Bom, na realidade elas não querem só te atrapalhar, mas parece; parece e muito.

Esses dois acontecimentos me fizeram pensar em duas coisas:

- Seria indescritivelmente mais fácil transitar na calçada da Marechal se as pessoas tivessem setas e luz de freio (ainda que eu não saiba muito bem onde se poderia encaixar setas e luz de freio em uma pessoa... Também é para esse tipo de coisa que serve a imaginação).

- Quando aquela segunda pessoa entrou na minha frente e decidiu andar à passos de tartaruga bêbada reumática, eu pensei "não quer andar, então sai da frente". Isso me sugeriu uma metáfora interessante.
Quantas vezes não apareceu na sua vida aquelas pessoas que não progridem e não querem que você progrida também?
Algumas vezes percebemos essa pessoas, outras não. A questão é que temos que estar atentos às pessoas que nos cercam porque - ao menos eu acredito que - as pessoas emitem algum tipo de energia, seja ela boa ou ruim e essa eneriga interfere na nossa vida. Deixar que pessoas que não nos querem bem fique perto de nós faz que com as coisas na nossa vida não funcionem.
Então pensei nisso.
Não quer andar, então sai da frente.
Não deixe que ninguém atravanque seu progresso - obviamente, respeitando os limites da moral e da razão.

E foi isso. A Marechal pode ser o portal do inferno, mas ainda assim podemos tirar alguma coisa útil de lá.

terça-feira, 1 de maio de 2007

simplicidade é muito

O feriado foi divertido.
Conversei muito, dancei muito, dormi pouco, não li nada - mas ganhei um livro bem legal.

Me arrisquei a descobrir coisas novas, coisas que não adianta ninguém nos explicar, nós é que temos que descobrir, e acredito que enriqueci um pouco quem sou.

Quando estava lá, deitada, tentando dormir, e alguém entrava no quarto acendendo a luz na minha cara, eu me escondia. Me virava pro lado e via, além de muitas outras coisas estranhas, aquele estranho que surgiu de repente, pra ficar. Sorria pra ele e me escondia debaixo do braço dele - "quero ficar assim pra sempre"; não me importava que acendessem a luz na minha cara, eu queria dormir e ia dormir. Determinação. Acho que poderia carregar esse sentimento comigo por mais tempo.

Quando o dia não estava muito bom e a mistura de fome, sono e vontade de ir embora me deixava meio irritada, ele me pegou e me levou pra um canto; pra um lugar bonito, de onde se via uma floresta um tanto quanto exuberante e o ar era leve. E ficamos conversando lá. Conversando e sorrindo.
Engraçado como tudo o que me estressa ou me entristece vai embora quando ele chega.
Falando sobre coisas da vida, chegamos à conclusão de que o que tem me atrapalhado - e muito! - é a minha vontade insaciável de ler, que surgiu num dia qualquer e parece não ir embora.
"Tira uns dois ou três dias da semana só pra estudar. A gente dá um jeito, eu te ajudo - embora eu ache que me distrairia muito! Bom, o que vale é intenção."
"Meu problema tem sido querer ler demais. Isso até soa engraçado; 'menina, páre de ler!'"
Sorrio de novo.

Cheguei em casa, fiz um bolo enquanto minha mãe lhe mostrava como se humilha alguém no escala 40 - um certo jogo aí -, fiz um recheio, minha mãe fez a cobertura, montou o bolo. Não cantamos parabéns (por que ele pediu) e fez alguns pedidos ao cortar o bolo.
Mais sorrisos.
Simples. Coisa simples, daquelas que fazem a diferença.
Domingo como aqueles dias lights e sempre necessários.

E não cabe aqui dentro a vontade que tenho de nunca mais te deixar ir pra longe de mim, nem por cinco segundos.
Mas como eu não sou uma pessoas possessiva - apesar da imensa vontade, de vez enquando - dou-te um beijo, um grande abraço e te espero na volta.

"Vou lá conversar com ela e já volto. Sintam-se em casa; podem tirar o tênis, soltar o cachorro, mudar de canal..."
Sintam-se em casa...
Em casa...
Sinta.
Senti.

Acordei com ele tentando me pegar no colo pra me levar pro carro sem ter que me acordar.
Menino maluco, não aguenta nem o peso do próprio corpo sobre o pé machucado e queria carregar o meu peso também, só pra eu não acordar.
Menino apaixonado.

Sorrio.
Amo.
Afirmo.
Reafirmo.
Simples e necessário.