Eu não quero meu cabelo arrumado.
Não gosto de pente, chapinha, secador - exceto quando está frio - e bater cartão no cabelereiro não é meu esporte favorito.
Eu não quero roupas de marca. Quero roupas das quais eu goste, que façam meu estilo, não importa o quanto eu paguei por elas. Quero aprender a costurar minhas próprias roupas.
Quero saber cozinhar.
Não quero fotos no orkut que me vendam por aí.
Quero uma máquina fotográfica para guardar ao alcance dos olhos - abertos - os dias bonitos e as dores que sempre vêm pra me ensinar alguma coisa.
Quero sair por aí sem rumo, sem hora pra voltar e sem nada pra me preocupar. Sem preocupar ninguém.
Quero fazer piercings. Sim, no plural. E porque não? A vida sempre me impõe cicatrizes com as quais eu tenho que aprender a conviver. Tudo o que fiz e que vivi me tornaram a pessoa que sou e, acreditem-me, não é um ou dois ou três furos que me farão ser diferente. Porque eu não posso me "pôr" cicratrizes com as quais eu adoraraia conviver?
Já dizia o pequeno príncipe "só se vem bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos". Seria tão difícil assim me aceitar se eu fosse assim, mais como eu quero ser e menos como você quer que eu seja?
Queria fazer moicano. Tingir o cabelo de uma cor gritante.
Quero mudar.
Mudar de atitude, de lugar, de cidade, estado, país. Quero conquistar o mundo, o meu mundo, do jeito que ele é.
Quero estampar em mim quem eu sou e dizer para aquelas pessoas que eu sei que me olhariam feio que eu não preciso delas; o que os outros pensam e acham de mim nunca me fez mudar.
Ser quem sou, acima de tudo. Dizer pra mim - e pra quem quiser ver ou ouvir - quem sou. Parar de mentir pra mim e de enfiar o que vejo no espelho goela abaixo todo dia.
Tem alguém querendo fugir de dentro de mim.
Opa! Olha só!?
Sou eu mesma sem censura e nem meias palavras.
Então me deixe ir. Pra lá, pro meu lugar.
Porque o mais importante é que você saiba que não importa onde eu esteja, pra onde eu vá ou com o que eu pareça, você sempre estará comigo.
Independente de achar isso ora uma coisa boa, ora uma coisa ruim.
O que os outros pensam de mim não me interessa.
Já imaginou o que seria de mim se me interessasse?
Já imaginou como eu seria?
Seria realmente um bom motivo pra você fazer uma tempestade e afogar o que somos lá dentro? Seria mesmo um bom motivo pra você não querer olhar pra mim? Seria mesmo tão difícil me amar assim?
O fato é que não importa o quanto você tente afastar de mim a minha vontade de ser mais eu, com todos os prós e os contras que isso poderia trazer. No final, tudo o que você consegue é me sufocar pra continuar me vendo assim e dizendo que sim, eu sou como você quer. Pra continuar dizendo pros outros que eu não poderia ser melhor.
[Eu não poderia ser melhor pra você mas queria ser melhor pra mim.]
Ceder.
Porque só eu tenho que fazer isso por você?
Seria tão difícil não me odiar se eu dissesse que estou fingindo e que não quero mais atuar?
Um dia você me olhou nos olhos e disse "incondiconalmente". Não tenho tanta certeza desde que descobri que o que eu sou lhe incomoda.
Espero que você esteja feliz e que aproveite essa sua felicidade baseada em fatos imaginários.
Porque um dia eu vou querer ser eu sim e se isso não for possível ao seu lado, então será longe de você.
[Tem horas que o que menos importa é saber se os outros estão preparados para o que você vai dizer.]