quinta-feira, 30 de novembro de 2006

presente

Porque ele ainda era um mistério. Sempre foi. E ela chegava à conclusão de que nunca o conhecera de fato.
Fez tudo o que podia para convencê-lo de que estava no lugar certo, na hora certa e com a pessoa certa. Hora ela achava que tinha conseguido mostrar-lhe aquele mundo gigante que só os dois sabiam que existia, hora ela tinha certeza de que era pequena demais para convencê-lo de que a melhor forma era não ser passivo. E enquanto ela tentava, ele buscava erros. Porque ele cresceu acreditando que nada era perfeito; tinha que ter alguma coisa errada.
A real é que não tinha. Não tinha, mas como ele era acostumado com as coisas sempre fora do lugar, ele resolveu ir embora. Achou que aquilo não era pra ele.
Doeu nela. Doeu mais ainda nele.
Mas ela foi. Não se sabe pra onde, não se sabe o que ela foi fazer. Ela só foi porque ele tinha dito pra ela ir, que aquele não era o lugar deles. Não era ali, não era daquele jeito e não podia ser tão perfeito.
E eles passaram o tempo que se seguiu pensando um no outro. Não em como estar junto, mas em como estar distante. E por mais que quisessem, por mais que se forçassem, por mais que corressem, chorassem e gritassem, não conseguiam. Não podiam.

Aí ela fez aniversário e ele resolveu telefonar. Ela atendeu. Sabia que era ele e atendeu porque fugir não era algo típico dela. E também sabia que diria tantas verdades quanto possível, sabia que faria isso e que dizer tudo machucaria a ambos, mas ela não conseguiu segurar. E ele não retrucou porque sempre disse que o que mais gostava nela era a sinceridade e a coragem de encarar a verdade.

E eles não se falaram mais, a não ser em noites de sonhos perfeitos.
Eles não existiam mais naquele planeta.

sábado, 25 de novembro de 2006

fudest?

Sabe o que tem amanhã? Sabe sabe sabe?? Não!? Vestibular!
Definitivamente, isso não é uma coisa boa. Eu tô muito tranquila porque sei que não vou passar. Pelo simples fato de que eu não estudei nem tanto quanto eu deveria e muito menos quanto eu poderia. O que não faz com que eu odeie menos essa prova maldita.
Então vou colocar aqui um texto que eu achei por aí.

O Novo Bicho-Papão, por José Carlos Oliveira.

Impossível ficar indiferente diante da tensão, da angústia, do desgaste físico imposto a essa garotada submetida ao Vestibular. Centenas de milhares de moças e rapazes condenados a um ano inteiro de reclusão, sem praia, sem cinema, sem namoro. No final, amontoados no maior desconforto, debaixo do sol violento, são bombardeados por uma série de perguntas estapafúrdias, concebidas por um demônio especialmente latino e cuja finalidade, manifesta ou não, é eliminar o maior número possível de candidatos. A isto se chama "o funil": entram todos, mas pingam poucos. Já que a televisão relacionou esse sistema com o rito de iniciação e passagem habitual nas sociedades primitivas, durante o qual o adolescente deve provar que está apto a tornar-se adulto, sinto-me autorizado a evocar aqueles milhões de espermatozóides que saem em louca correria ao encontro do óvulo, cientes de que apenas um irá ultrapassar o vestíbulo da fecundação. [...] Em São Paulo, no ano passado, caiu um toró dos infernos na hora do concurso. A cidade parou, mas não o Vestibular. Milhares de moças e rapazes foram transportados ao local das provas em helicópteros. Outros tantos seguiram em carros ao Corpo de Bombeiros. Cerca de cinco mil, ou vinte e cinco mil, enfrentaram o interrogatório num hangar, entre aviões e helicópteros. A bem dizer, só chegaram na hora certa, no momento exato, aqueles que pretendiam cursar Educação Física e que pra lá se dirigiram a nado. Alguns morreram afogados, recebendo atestados de óbito com nota zero como causa mortis. Pode-se fazer o vestibular nos presídios e nos hospitais, mas os cemitérios ainda não foram incluídos entre as circunstâncias aceitáveis de impedimento físico. Defunto tem que comparecer. O atestado de óbito não tem valor legal.

O Vestibular seria, portanto... [querido jovem, anote um "x" na categoria em que você se inclui]:
a. uma alegre gincana para s otimistas;
b. um massacre desnecessário para os superdotados;
c. um meio de provar para a mamãe e para o papai que já tenho o direito de fumar na sala e de sair de casa levando a chave;
d. a coisa mais humilhante do mundo quando verificamos que nosso número não consta da lista e, apesar de tudo, temos que voltar ao nosso lar;

Pode ser qualquer coisa, mas será, sobretudo, um sinal a mais do crescimento desordenado e selvagem dessa sociedade competitiva. Tanto que outro dia, surpreendi uma senhora ameaçando assim seu filho de dez anos que deu um soco no olho da irmãzinha um ano mais moça:
- Se você continuar rebelde desse jeito, não demora e eu te mando pro Vestibular!

terça-feira, 14 de novembro de 2006

irmã

Be nice to your siblings. They are the best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.

Qual será a distância que existe entre ser amiga e ser irmã? Apenas aquela que se cria.
Segundo o dicionário Aurélio, velho, que fica lá num canto da estante, inicialmente tem-se "irmão: filho do mesmo pai e da mesma mãe, ou só do mesmo pai (irmão conseguíneo) ou só da mesma mãe (irmão uterino) em relação ao (s) outro (s) filho (s)"; e mais adiante, tem-se "(gíria) companheiro; camarada; meu chapa."
Ou seja, na mesma definição temos os irmãos de sangue e aqueles que a gente "adota"; a distância entre ser irmã e amiga do peito é exatamente aquela que a gente quer que exista.
Nós sabemos que nem sempre nos entendemos. Que o silêncio entre nós pode não ser sinônimo de briga, mas nem sempre é sinônimo de que estamos unidas. Que não fazemos questão de nos entender e sabemos que não precisamos uma da outra.
[Será mesmo?]
Em todo caso, sempre foi assim que me senti em relação a você. Sempre, até um certo dia em que eu, tava no desespero por não conseguir entender química e você veio me explicar. E enquanto eu não conseguia entender, você continuava tentando me explicar; com tanta doçura e com tanto carinho que eu me senti idiota.
Me senti idiota por ter passado tanto tempo sem fazer questão nenhuma de me entender com você, achando que nem por um segundo eu precisava de você, e quando eu precisei, você estava lá.
Aí eu passei a me esforçar mais pra me dar bem com você. Para tentar de deixar ser só sua irmã e me tornar sua amiga-irmã.
Mas eu não entendo, eu não entendo quando você fica brava comigo sem que eu tenha feito nada para te chatear. Não entendo de onde vem sua mania de achar que as pessoas estão contra você e que você não pode contar com ninguém. Mas, peraí, eu sou sua irmã!
E você passa por mim sem olhar na minha cara ou falar "oi" e tudo o que você fala é gritando e cheia de estupidez. E porquê?
Te vejo com as suas amigas, cuidando delas e sendo simpática com elas e eu não entendo porque, mesmo que você esteja muito brava, você não as destrata; mesmo com o seu temperamento instável. E comigo, que sou sua irmã, você, além de não perceber, nem sequer se importa se desconta suas chateações em mim ou não. Você realmente não se importa se me faz chorar?
O que eu deveria fazer se tudo o que eu queria era me entender com você mas não sei química pra poder te explicar? O que eu deveria fazer pra você ver que eu sou tão importante quanto as suas amigas - sou sua irmã! - e que você deveria tentar não descontar suas chateações em mim? Se há um desnível entre eu e elas - suas amigas -, não era pra ele estar aí, ele não precisa estar aí.
Será que saber que, independente do que aconteça, independente do que você faça e como você me trata, eu te amo e sempre que você precisar vai poder contar comigo, te fez indiferente à maneira como você me trata?
Não faça isso. Não faça com que sejamos apenas irmãs quando temos tanto a aprender e a ensinar uma à outra.
Cuidado, minha querida.
Cada vez que você me ignora como se eu não fosse ninguém é como se martelasse pregos em uma porta: você até consegue tirá-los depois, mas eles deixam a porta marcada. Aí não tem mais prego, mas fica marca de um prego que esteve ali.
Não crie toda essa distância entre nós. Independente de qualquer coisa, não faça com que estajamos perto o suficiente para nos abraçarmos e longe de mais para fazê-lo.

[Te amo, fedida.]

domingo, 5 de novembro de 2006

brilho eterno

Porque eu acabei de ver "Brilho Eterno" de novo.
E aquele diálogo no final, aquele último ainda dentro da mente dele, me lembrou você. De novo.
Tudo se encaixa naquelas metáforas bobas daquelas madrugadas. Tudo se encaixa na vontade de fazer as coisas acontecerem e em como era bom poder te tocar. Tudo se encaixa na força pra lutar e em como combinávamos tanto. Em como não havia nada em você que eu não gostasse e em como eu te amava.
Mas de repente eu desci e você não estava mais lá.
Terá ido por medo? Medo de quê?
Eu vim pra te mostrar que não havia o que temer. Não funcionou e você não quis ver.
Pegou todo o seu medo e saiu pela mesma porta que entrou, e por mais que eu tenha dito que tudo bem, não faz sentido.
Não faz sentido quando você não passa de uma lembrança e eu quero que você dure pra sempre. Não faz sentido como quando, de repente, tudo se mistura e eu já não sei mais o que foi real e o que foi um sonho um bom.
Não queria acordar e você me jogou da cama.
Eu só quis que você durasse pra sempre.
Mas é por todas as boas lembranças e os bons momentos, ainda que pequenos, que nunca vou querer que ninguém te apague da minha memória. Porque tudo o que foi bom é maior e mais forte do que a vontade de querer que você não tenha existido.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

post sem título

Primeiro post. Graaande coisa!
hahaha
Acho que vou fazer desse uma reflexão sobre o porquê de um blog.
Um dia, já faz um bom tempo, eu li uma reportagem dizendo que os blogs eram os diários do séc XXI.
Discordo. Diários até têm cadeado - ainda que tosco - e o blog tá aqui, pra todo mundo ver. Ou seja, blog não é um diário; é só você escrevendo sobre qualquer coisa e nem se importando que as pessoas leiam.
Anyway, minha intenção é só colocar algumas coisas que penso e que quero que certas pessoas vejam. É, eu tô sempre escrevendo pras pessoas e elas nem sabem. Agora, quando eu quiser que elas saibam, estará aqui.
Mesmo que eu saiba que elas não saberão, visto que elas [ainda] não sabem desse blog recém-nascido. Mas tudo bem, o que vale é intenção.
E qual é minha intenção (fora a citada acima)??
Nem eu sei direito, mas a gente vai descobrindo. Ao menos eu, vira e mexe, tenho uma vontade gigante de escrever porque é assim que eu entendo as coisas. Escrevendo.
Talvez a intenção seja eu me entender. Mas nem sei se quero.
Adoro ser essa pessoa perdida nesse mundo imenso que eu vou descobrindo o tempo todo.

Fim do post? O sono e a preguiça de digitar dizem que sim. Não vamos discutir com eles...
Ou seja, fim do primeiro post.

[Porque se eu realmente queria um blog, eu realmente queria que você soubesse.]