presente
Porque ele ainda era um mistério. Sempre foi. E ela chegava à conclusão de que nunca o conhecera de fato.
Fez tudo o que podia para convencê-lo de que estava no lugar certo, na hora certa e com a pessoa certa. Hora ela achava que tinha conseguido mostrar-lhe aquele mundo gigante que só os dois sabiam que existia, hora ela tinha certeza de que era pequena demais para convencê-lo de que a melhor forma era não ser passivo. E enquanto ela tentava, ele buscava erros. Porque ele cresceu acreditando que nada era perfeito; tinha que ter alguma coisa errada.
A real é que não tinha. Não tinha, mas como ele era acostumado com as coisas sempre fora do lugar, ele resolveu ir embora. Achou que aquilo não era pra ele.
Doeu nela. Doeu mais ainda nele.
Mas ela foi. Não se sabe pra onde, não se sabe o que ela foi fazer. Ela só foi porque ele tinha dito pra ela ir, que aquele não era o lugar deles. Não era ali, não era daquele jeito e não podia ser tão perfeito.
E eles passaram o tempo que se seguiu pensando um no outro. Não em como estar junto, mas em como estar distante. E por mais que quisessem, por mais que se forçassem, por mais que corressem, chorassem e gritassem, não conseguiam. Não podiam.
Aí ela fez aniversário e ele resolveu telefonar. Ela atendeu. Sabia que era ele e atendeu porque fugir não era algo típico dela. E também sabia que diria tantas verdades quanto possível, sabia que faria isso e que dizer tudo machucaria a ambos, mas ela não conseguiu segurar. E ele não retrucou porque sempre disse que o que mais gostava nela era a sinceridade e a coragem de encarar a verdade.
E eles não se falaram mais, a não ser em noites de sonhos perfeitos.
Eles não existiam mais naquele planeta.
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