[thoughts]
(Primeiro pensamento.) Para quem não sabe, eu não sou lá muito fã de tirar fotos. Fiquei pensando que eu tenho que perder essa vergonha sem sentindo - ou não - e começar a andar com uma máquina fotográfica. Acho que tenho que começar a me consolar pelo fato de não ser a pessoa mais feia do mundo - cheguei à essa conclusão depois de ir para Praia Grande (Deus nos acuda!) - e parar de perder os jogos de luz e sombra únicos e os ângulos divertidos que tenho visto nas coisas e pessoas ao meu redor. Então, começarei o post com uma foto. Sim, é só o começo. Acho que esse post ainda vai longe.
Segundo pensamento: será que tudo o que eu tenho vontade de escrever, eu devo escrever no meu blog? Assim, qualquer pensamentos, dúvida, paixão, novidade, sem discriminação de fonte de inspiração ou intenção? O que me veio à cabeça hoje foi algo que um amigo me disse uma vez.
Um dia, depois de muito - mas muito tempo mesmo - sem nos falarmos, ele perguntou como eu estava, se ainda gostava de escrever tanto quanto quando eu era pequena. Respondi que sim, ainda gostava de escrever, mas que já não achava tão fácil escrever hoje quanto eu achava quando tinha 8 anos. Disse que achava que tinha perdido a habilidade. E ele respondeu "ora, habilidade a gente não perde; deixa atrofiar por falta de uso."
De fato, escrevo muito menos hoje do que escrevia há dez anos e foi essa resposta que me incentivou a criar um blog: praticar. Não interessa o que eu vá escrever, o que importa é escrever - espero que isso signifique que todas as bobagens que eu escrevo aqui serão relevadas.
Terceiro pensamento: azar. Eu estava lá, fazendo nada de interessante, quando me surge a idéia de que não existe azar. Monologando - isso existe? -, cheguei à conclusão de que talvez seja verdade. Por exemplo, um sujeito que joga na megasena e não ganha, sai por aí dizendo que foi "falta de sorte" (azar!). Já parou pra pensar que talvez não seja falta de sorte? Que se ele ganhasse na megasena estaria jogando fora inúmeras possibilidades de crescer, como pessoa, de aprender a lidar com os problemas que as pessoas normais - aquelas que não ganham na megasena - têm, de enfrentar situções difícies, respirar tranquilo depois de resolver um problema razoavelmente simples e ficar feliz com as coisas pequenas? Certamente, ele não notaria o mundo que o cerca e nem se quer daria valor às coisas, se tudo fosse fácil.
E esse pensamento veio bem a calhar com o filme que eu estava vendo, "Um Homem De Família" - recomendo. Em suma: acho que não existe azar. O que existe é a falta de hábito de olhar o lado positivo de todos os momentos da nossa vida.
Quarto pensamento: como se enjoa de uma pessoa? Eu sempre ouço as pessoas dizendo que "têm medo de enjoar" de um certo alguém, mas eu não consigo entender isso. Por falta de alguém para me explicar, eu fiquei pensando - tem horas que solidão é uma coisa triste - nisso.
Eu, assim, o ser quase impulsivo que sou, nunca joguei fora nenhuma oportunidade de estar perto de alguém que gosto. Nenhuminha. Nunca. Acho que quem gosta, quer estar perto e pronto. E não me venha com essa história de "enjoar".
Agora, como eu não sou cabeça dura - sim, eu aceito dialogar a respeito. Mesmo que seja pra mudar de opinião -, eu tenho que ter um motivo para isso.
Meu argumento é que acreditar que é possível enjoar de alguém é acreditar na pobreza de espírito das pessoas. É acreditar que elas têm algo como um estoque de novidades e características únicas muito pequeno e que se você ver essa pessoa muitas vezes num período de tempo muito curto, não vai sobrar nada para depois e ai você vai enjoar dela.
Como eu não faço esse tipo de pessoa - a que enjoa - eu penso que todo mundo sempre tem algo a me acrescentar e que as pessoas são muito mais do que é possível se ver, muito mais do que é possível se conhecer e muito mais do que é possível se imaginar. Que dentro da cabeça de cada um há milhares de coisas e que nunca conseguiremos descobrir todas elas. Que todo mundo tem uma história pra contar e acreditando que nada é por acaso, que toda história ouvida e toda pessoa encontrada tem muito a nos acrescentar. Mas antes de qualquer outra coisa, dizer que é possível enjoar de alguém exprime a nossa falta de capacidade - ou de vontade - de descobrir nos atos mais simples algo para se pensar, algo que devemos aprender; pessoas são seres muito complexos e muito imensos para se tornarem enjoativos.
Sim, eu gosto de ficar filosofando. Não, eu não gosto de fazer isso sozinha. Sim, ainda assim - filosofando sozinha -, eu me divirto. Não, na maioria das vezes, eu não chego à muitas conclusões.
Para minha sorte - e felicidade - ouvi dizer que "filosofar não é a arte de chegar à alguma conclusão, e sim a arte de pensar". Continuarei pensando então. E escrevendo aqui também. E me lembrarei de andar com a máquina fotográfica e ver as pessoas que amo frequentemente, sem medo de enjoar.
[É, ser o único animal racional da natureza não é fácil.]
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