terça-feira, 27 de março de 2007

o que aflige.

Não, não sei explicar.
Tem aquele medo que surge de vez enquando e toma conta da gente. De mim, no caso.
Depois vêm aqueles pensamentos que desanimam e entristecem.
Não sabia se chorava ou engolia, como de costume. E quase que involuntariamente, chorei. Mas não só chorei. Estava apavorada. Em silêncio.

Sempre tem algum pensamento que nos deixa aflito. Sempre. Algo que nos tira o fôlego e deixa desesperado só de pensar.
E quando você se depara com essas coisas, esses pensamentos, esses sentimentos ruins, você chora ou engole?

Na verdade, naquele exato momento, eu não escolhi, fui escolhida.
E de repente o medo, não de perder e sim de ser perdida, fez os carros que passavam ficarem irreconhecíveis. A noite ficou mais escura, o frio ficou mais frio e o ar parecia qualquer coisa que não fosse respirável.
Pensar na fragilidade daquilo que me sustenta me tira o fôlego.
Pensar que sim, eu poderia ficar mais forte se as coisas que se passam pela minha cabeça acontecessem, mas o que eu teria que perder para isso acontecer?
Não sei se vontade de querer enxergar demais, não sei se ressentimento ou falta, não sei se pesadelo ou apenas pensamento idiota.

E se um dia quiserem que você prove que você é capaz de tudo aquilo que você sabe que é capaz?
Se quiserem que você prove que você esperaria o tempo que fosse para estar junto das pessoas que ama por alguns segundos?
Se quiserem que você prove que a fé que você tem em você é tão real e tão sólida que ela seria capaz de lhe alimentar por dias?
Se quiserem que você fique de pé quando farão de tudo para lhe derrubar, só para terem a certeza de que você é realmente tudo aquilo que pensavam?

E fiquei sem reação. Saber do que sou capaz não me faz querer provar do que sou capaz. E por isso as lágrimas escorrem, os gritos engasgam e eu caio - ou não.

Mas e você, quando olha ao seu redor, você enxerga as pessoas chorando? Você enxerga as lágrimas delas, você ouve aqueles gritos abafados e sufocados que nunca serão mais do que silêncio, você vê que as pessoas caem tentando se segurar em mentiras e incertezas?
E ao se olhar no espelho, você vê suas lágrimas, você ouve seus gritos, você percebe que cai?
E tudo é tão frágil e superficial que nem percebemos quando aquilo que importa vai embora, quando aquele que não desejamos chega, quando todos morrem a cada dia, inclusive nós, e ainda assim achamos que temos toda a eternidade.

Não somos mais do que um instante e ainda que se saiba que se morre todo dia desde o dia em que se nasceu, não se quer ir embora. Não se quer que os outros vão embora.

E tudo aquilo que me sustenta é tão frágil que pensar que cada dia que passa eu tenho que aprender a andar sem precisar de apoio me fez querer chorar.

Mas apesar das lágrimas, do medo, do frio e da escuridão, hoje eu não cai; tinha alguém lá pra me abraçar e me segurar.



[Brilha onde estiver.
Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé.]

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