sexta-feira, 4 de julho de 2008

velhas palavras

Velhas; porque já não exprimem mais o que tenho a dizer.
Álias, não tenho mais nada a dizer. Meu silêncio é tudo o que restou pra você..

Eu não namorei com você. Eu me casei com você.
Secretamente, em silêncio, só pra mim.
Eu, mulher, sua, só pra você.

Não me casei pra me separar depois, é claro.
Também é claro que esse tombo, além de inesperado, doeu mais que qualquer outro: com você, eu fazia todo o sentido, eu me sentia completa, eu te amava e tinha certeza que isso era recíproco, que era o bastante, o suficiente; para nós dois.
Que te encanta nas outras que de repente eu me sinto sobrando? Ou faltando em algum lugar?
Esquecimento rápido, rápida recuperação. Auto-proteção.
Sinto-me leve, mas perdida.
Isso está certo?
Sim, você é diferente, com você era diferente. Você merece créditos por isso.
Estranho, porque te esqueço mas não me engano. Você ficou marcado em algum lugar dentro de mim que, hoje, não sei onde fica.
Você é esse vazio inquieto que ficou, mas vai embora - pena? talvez sim, talvez não. O marido que nunca tive.
Quero conversar, quero abraçar, ver, estar presente. Só não me machucar, sentir-me enganada.
E tenho medo. Nunca tinha tido antes porque só havia certezas. E alegrias. Até onde se vai sem confiar que o que estamos nos tornando é eterno?
Não tenho raiva do meu (ex) marido. Do homem que me fez ver o novo e acreditar no impossível.
Ainda que no final, tenha me mostrado que o que é impossível, é impossível.
Me casei com você. Isso vale alguma coisa?
Uma boa conversa, talvez um novo recomeço. Será impossível mesmo?
Será possível sair daqui, de onde estamos, para aquele lugar que conhecemos tão bem, nossa casa?
Mesmo sem as certezas, mesmo sem confiança?
Será que alegria nos basta?
Porque amor não foi o bastante.


Hoje vejo que não tinha visto nada. Que fui ingênua.
Que esperei dos outros atitudes que eu teria.
Fiz errado.
Devia ter mandado tudo à merda, como fiz, mas não só por fora.
Que a leveza que sinto hoje, e o fato de sentir-me assim porque me encontrei de novo, era um sentimento que deveria ter vindo antes. Que eu merecia que tivesse vindo antes.
Quanto custa, quanto vale?
Quanto é que se joga fora, de quanto se abdica para termos o que temos hoje?
Meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria.
Hoje percebo que estou melhor sozinha; "antes só do que mal acompanhado".
Tava vendo umas fotos aqui... É, acho que eu me pegava.
E estou solteira.
Prefiro; à estar com você.

Daqui pra frente, sou eu quem digo como vai ser.
E eu não vou dizer mais nada.

[ Eu vou deitar e rolar; Elis Regina ]

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