desconexa
Os pés levam.
Não se sabe pra onde nem porque; eles apenas levam.
Acho que com o impulso que sobrou daquele tempo em que haviam certezas e sonhos fortes.
Hoje o espaço pra hesitação é tão grande que os pés levam simplesmente por inércia, pro futuro que um dia foi certo. Ou pro que restou dele.
As pessoas perguntam, olham, não entendem. Mas tudo é tão bonito que indagar é quase um pecado. Não vê?
Poupe-me daquilo que é tolo. Pensar é dolorido. Tudo que quero é sentir e andar. Sentir andando. Ando sentindo.
Permito que me pergunte, mas nunca disse nada sobre responder. E não respondo porque não tenho as respostas; não quero ter. Não vejo valor nelas.
Os pés levam.
A chuva lava.
E os olhares assustados, os corações inquietos, os pensamentos cheios de medo... Eram tão pequenos e julgava não terem razão de existir. Mas ela compreendia e, quieta, me calo.
Respeito. Só por isso o silêncio.
Eu aprendi a admirá-lo também.
De alma lavada.
A gente sabe o que tem que ser feito. Difícil é ter coragem pra colocar em prática.
Em todo caso, ainda que todos os motivos grandes não sejam os bastantes e acabemos nos apegando aos pequenos porque eles são maios bonitos e porque precisamos deles, tudo estará bem.
E só continuar andando; sem pensar.
Não faça perguntas.
Se as respostas existirem, elas podem não ser bem vindas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário