quarta-feira, 17 de setembro de 2008

epitáfio

De repente eu me dei conta que "sim, você é do tipo que compra".
Bem verdade.
As roupas já não me servem mais, o quarto parece ser de outra pessoa, e, afinal, de quem é essa letra?
Aquele meu mundo não existe mais.
Talvez ainda brilhe, em algum lugar, de alguma forma, como uma estrela que não existe há bilhões de anos continua brilhando. Talvez ainda haja um pouco daquela minha velha luz nos olhos de alguém. Talvez não.
Vou me mudar.
Esse endereço está ultrapassado, essa casa que não é minha.
A gente tem que saber a hora de ir embora.

E a mudança foi grande assim? É, não tinha me dado conta.
Agora é que começa a diversão.
Bruna no ar.
Pra onde o vento levar.

[ Mas não era por ser assim que ela era tão bonita? ]

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

a efemeridade das brunas

Desapego.
Que sentimento é esse de que nada me pertence, eu não pertenço a nada nem ninguém, nem lugar nenhum, essa coisa que vem e de repente some e quando eu me dou conta, está tudo vazio, de novo.
Daquele jeito que, de certa maneira, me agrada.
Mas que machuca os outros.
Que outros?
Cadê os outros?
E cada um que vem, faz de mim outra.
E cada outra, eu sinto, pego pelas mãos, me apego um pouco, aproveito pra me refazer.
Não passa de um intervalo; intersecções, talvez.
Mas no final, cadê os outros?
Cadê as outras minhas partes?
Sou crua.
Eu machuco.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

to rock

Outro dia eu estava ouvindo. Meio quieta, mais pra lá do que prá cá.
A mulher falava de uma coisa legal, um idéia genial, coisa boa pra se ouvir.
Mas o meio veio só pra amortecer o começo; se é que a palavra certa é "amortecer". Em todo caso, antes dela começar a falar tudo aquilo que eu adorei ouvir, ela falou "ontem eu tava escrevendo no meu blog...".
Eu: "você tem um blog?" - e já ia pedir o endereço, mas ela me interrompeu e disse "tenho sim, um onde eu não publico, apenas escrevo."
"Porque?"
"Porque eu acho que não tô preparada pras pessoas me verem assim, tão intimamente."

Será?
A minha intenção quando fiz o blog era perder a vergonha de deixar as pessoas lerem o que eu escrevia; justamente por achar que aquilo era eu assim, eu muito intimamente, e as pessoas não deveriam me conhecer.
Não me acho um monstro, mas juro ter a impressão de que assusto. Ser assim, tão transparente, seria uma coisa boa se as pessoas estivessem preparadas para idéias cruas e sem sentido: eu.
Mas não acontece.
E as vezes eu tenho medo de dizer o que penso.
A verdade é boa sim, mas até onde? Até quando?
Cansei de ver gente de joelhos implorando por ela e depois em prantos por não aguentar.
Tem coisas que não precisam ser ditas.
Preciso aprender a ponderar; embora seja difícil fazer isso quando você dá tanto valor à sinceridade, mesmo sabendo da possibilidade de ela te derrubar.
Pode vir, eu aguento. Eu posso até sofrer um pouco, mas eu sei que isso não vai acabar comigo.
Como era mesmo aquela frase que fazia muito sentido? Acho que era "meu erro foi esperar dos outros atitudes que eu teria."
Continua valendo, mas de uma perspectiva que eu não tinha notado.
Onde é que vale a pena deixar as intenções inciais para não ter que ver tais retaliações? Consequências.
Estava certa em querer perder a vergonha de me mostrar quando fiz o blog, mas eu mudei e as pessoas não querem ver.
[ Há! Talvez nem eu queira ver. ]

"Viva as diferenças, se fosse todo mundo igual, o mundo seria muito chato!"
Agora aguente esses abismos sem perder o rumo; se é que isso é possível.

Que eu nunca descubra tudo, que sempre me perca, que nunca saiba de nada.
Que ninguém nunca saiba quem sou eu.
Que eu nunca seja uma só face.
Não estou aqui pra isso.

[Vou começar a colocar muito mais coisas que outros escreveram e encher mesmo a minha pasta 'rascunhos'. Acho que vai ser melhor assim.]