a efemeridade das brunas
Desapego.
Que sentimento é esse de que nada me pertence, eu não pertenço a nada nem ninguém, nem lugar nenhum, essa coisa que vem e de repente some e quando eu me dou conta, está tudo vazio, de novo.
Daquele jeito que, de certa maneira, me agrada.
Mas que machuca os outros.
Que outros?
Cadê os outros?
E cada um que vem, faz de mim outra.
E cada outra, eu sinto, pego pelas mãos, me apego um pouco, aproveito pra me refazer.
Não passa de um intervalo; intersecções, talvez.
Mas no final, cadê os outros?
Cadê as outras minhas partes?
Sou crua.
Eu machuco.
Um comentário:
os outros? ah os outros...estes também são efêmeros, e vaporizam-se quando menos se espera. mas não, não desaparecem nunca. estão por aí, por toda parte. no ar que você respira, na chuva que lava a rua que você atravessa. no choro. na cara. no grito. e quando vestem seus uniformes vaporosos, atmosféricos, sobrehumanos, não sentem nada. mas são reais e assumem a forma que querem. que o silêncio não te engane. não há vazio.
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