terça-feira, 30 de janeiro de 2007

pai? acho que não

Ainda questiono porque eu o chamo de "pai". Mesmo não sendo verdade, é como um apelido que uma pessoa ganha e que, por mais que as coisas mudem, a pessoa continua com aquele apelido.
"Pai", porque um dia foi isso que ele foi.
Hoje foi o dia da audiência que meu pai - ou não - marcou para decidir que fim teriam a casa e o carro (que estão no nome dele, mas quem mora na casa e usa o carro somos eu, minhas irmãs e minha mãe).
Eu não queria, eu juro que não queria, encontrar com ele. Mas eu acabei indo porque eu queria estar perto da minha mãe, para comemorar ou para chorar, não importava. Eu só queria estar perto dela.

Não queria admitir, mas suponho que devesse estar estampado na minha cara que eu estava nervosa. Não saberia explicar exatamente o porque.
Aí chamaram a minha mãe e eu não podia entrar - sim, porque (felizmente) eu não era parte do processo. Imagina que metade minha ficasse com meu pai? Ou que minha mãe tivesse que pagar para ficar com as duas partes? Preferi esperar do lado de fora mesmo.

Abracei minha mãe, dei um beijo, sussurrei "boa sorte" no ouvido dela. Quando me virei, pude ver - ainda que totalmente fora de foco, mas a menos de 20 centímetros de mim - o meu pai passando do meu lado. Daquele jeito dele, como se não fizesse quase 3 anos que ele não me visse e como se eu fosse qualquer estranha com quem você cruza na rua todo dia.

Confesso que já fazem quase 5 anos que ele deixou de ser meu pai; abriu mão disso como se isso fosse possível. Mas mesmo assim, mesmo depois de tanto tempo e eu tendo consciência de que ele não faz questão nenhuma de ser pai de ninguém, ainda fico chateada. Ainda me dá vontade de chorar e eu ainda não me conformo.
Às vezes eu paro para pensar. Se eu tivesse um filho, eu nunca ia querer largar dele - isso aconteceria inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde. Mas eu não iria querer perder por nada nem um segundo do tempo que pudesse passar com ele, conviver com ele, vê-lo crescer. Como, de repente, alguém decide que aquelas pessoas que ele - bom, eu não sou um "bebê de proveta" - colocou no mundo não representam nada?
E ele passou por mim como se eu não fosse ninguém. Não consigo acreditar nisso e nem digerir essa cena. Vai ficar na memória.

[Pela primeira vez admito que é difícil falar. Confesso que , mesmo não sendo fácil falar dos nossos problemas pessoais, eu sempre dei um jeito. Mas dessa vez as palavras parecem ásperas demais. Bom, continuarei tentando. Veremos no que dá.]

Meu pai cresceu sem pai. Aposto que nada na infância dele foi fácil. Quando alguma coisa acontece comigo e eu acho injusta, intragável ou simplesmente não gosto - por razões que até desconheço, mas sinto -, eu me disponho a fazer ser diferente. Para mim, se possível, mas para os próximos. Será que meu pai, perante todas as dificuldades que ele enfrentou (e que acho que não foram poucas) se propôs a fazer de tudo para que com os filhos dele as coisas não fossem tão difíceis? O que aconteceu com aquela vontade de mudar e fazer ser diferente, fazer ser melhor?
Por que de repente o primeiro cara que me pegou no colo e jurou me proteger e fazer de tudo por mim passa do meu lado como se eu nunca tivesse existido?
Eu sou a última chance dele fazer ser diferente, fazer ser melhor, e - veja só - eu nem sequer existo! Como se explica isso? Seria aceitável, de alguma forma?
Como será que ele se sente ao pensar que um dia ele vai morrer e que as pessoas que ele ajudou a se tornarem reais nem sequer irão ao seu enterro? Como será que ele se sente tendo perdido todas as risadas, todos os choros, todas as piadas, os problemas, as brigas, as soluções, os sorrisos, os abraços, as conquistas e as quedas dos últimos 5 anos? Será capaz de sentir alguma coisa com exceção daquele egoísmo doentio que vi no corredor?
Ainda que eu saiba que ele é quem mais perde nessa história toda, tenho vontade de chorar. Mas acho que não me preocupo.
Não me preocupo já que a causa do meu choro é saber de tudo o que ele perde e ainda que eu odeie a maneira como ele me criou quando me criava, querer que de alguma forma, as coisas fossem diferentes.
Eu tenho consciência de que tudo o que ele está perdendo vai muito além de uma casa ou um carro. São coisas que ele nunca vai recuperar, por mais que queria. São coisas importantes de verdade e que fazem a diferença. São as chances que ele tinha de fazer ser diferente. De se tornar diferente, de se tornar melhor e, consequentemente, feliz.
Apesar de tudo, posso dizer que se um dia ele viesse me pedir ajuda, eu não recusaria. Ainda que não o fizesse de coração - sim, porque afinal de contas, eu sou humana e não sou burra; sei que uma hora eu vou cansar de chorar e meu coração não vai mais se importar se ele passar reto por mim -, faria.
Sabe porque?
Porque eu fui criada pela minha mãe.
Melhor coisa que me aconteceu.

Lamentem por ele, assim como eu também lamento. De verdade.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

outras palavras

"Outras palavras" porque não são minhas (e eu acho "outras palavras" mais legal do que "palavras de outros", tá?! [risos]).
Hoje as que colocarei aqui pertencem ao filme Boa Noite e Boa Sorte - muito bom, aliás.

Ambientado na década de 50, no auge da Guerra Fria, o filme fala sobre a perseguição que o senador McCarthy fazia a toda e qualquer pessoa que mostrasse simpatia pelo comunismo. Todo mundo denunciava todo mundo e nem sequer precisavam de provas para isso; para ser acusado de "comunista em potencial", bastava questionar os métodos de McCarthy. É aí que entra um jornalista, Edward Murrow fazendo frente a esse senador lunático - que, na minha opinião, lembra o George Q.I. baixo bossal Bush.
O filme começa e termina com Murrow fazendo um discurso fodíssimo, que é o que eu colocarei aqui.

"O que eu vou dizer não deve agradar a ninguém. No fim, algumas pessoas talvez acussem esse repórter de cuspir no próprio prato e a organização talvez seja acusada de acolher idéias hereges, perigosas.
Mas a completa estrutura das redes de televisão, publicidade e patrocinadores não será abalada ou alterada.
É meu dever usar de certa franqueza para falar com vocês, mensageiros, sobre o que está acontecendo no rádio e na televisão.
Se o que eu digo tem um responsável, saibam que o único responsável pelas minhas declarações sou eu.

A nossa História é resultado dos nossos atos. Se houver historiadores daqui 50 ou 100 anos e se houver material de uma semana das três emissoras, haverá provas em preto-e-branco e em cores da decadência, alienação e falta de cobertura da realidade que vivemos.
Atualmente estamos ricos, gordos, seguros e complacentes. Somos inclinados a aceitar informações desagradáveis e perturbadoras.
A nossa mídia reflete a nossa atitude. Mas, exceto se esquecer os lucros e reconhecer que a televisão está sendo usada para distrair, enganar, entreter e nos isolar, então a TV e os que a patrocinam, assistem e que nela trabalham terão uma visão bem diferente, mas será tarde de mais.

A nossa História é resultado do que fazemos. Se continuarmos como estamos, a História se vingará e nos fará pagar.
Às vezes, exaltamos a importância das idéias e da informação. Vamos sonhar com a possibilidade de que, num domingo à noite, se faça um estudo clínico sobre a educação. E que, uma semana depois, sirva para um análise da política americana no Oriente Médio. Será que a imagem dos patrocinadores sairia arranhada? Será que os acionistas ficariam revoltados e reclamariam? O que aconteceria? A não ser que alguns milhões de pessoas se informassem mais sobre assuntos que determinam o futuro do país, portanto, o futuro da nossas empresas.

Àqueles que dizem que as pessoas não se interessam, que são complacentes, indiferentes e alienadas, eu apenas respondo que, na minha opinião de repórter, há provas concretas de que essa afirmação é incorreta.
Mas, mesmo que não o seja, o que eles têm a perder?
Se estiverem certos e nosso veículo só servir para divertir e alienar, a televisão está em perigo e logo veremos que a luta foi em vão.

Esse veículo pode ensinar. Pode esclarecer e até inspirar. Mas só pode fazer isso se as pessoas o usarem com esse objetivo. Senão será apenas um monte de cabos e luzes dentro de uma caixa.
"
Foda, não?!
Amei.

sábado, 27 de janeiro de 2007

sem pé nem cabeça

Ontem foi legal. Pessoas simpáticas e divertidas, conversando sobre todo tipo de coisa - a menina que estava sentada atrás de mim que o diga!
O complicado só foi quando eu cheguei em casa e havia uma cama no meio do caminho. Sim, no meio do caminho havia uma cama.
E justamente quando há uma cama no meio do caminho é quando eu decido não acender nenhuma luz. Bem, tropecei na cama que havia no meio do caminho e caí em cima de quem estava estava dormindo na cama no meio do caminho (meu cunhado).

Aí me vem o Grande Urso - é, para evitar sequestros - e me diz que "ele" era o "Espeto de Churrasco". Chorei de rir (tudo bem que isso não é difícil de acontecer comigo).
"Bom, eu não custumo nomear ninguém no meu blog, mas se assim você prefere, Grande Urso, eu os chamo de Grande Urso e de Espeto de Churrasco."
Poxa, pensar que se gosta de um espeto de churrasco é meio estranho, não?!
Ahh. Agora já foi.

Post doido? Lógico, olha a hora!
[Morreeeendo de sono, então vou dormir. Mais tarde, quem sabe, coloco algo menos doido e mais interessante?!]

Boa noite.


[Quero passar um weekend com você.]

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

pra você mesmo

Em uma dessas conversas no msn, ele pediu para eu levar a máquina fotográfica para tirarmos fotos juntos. "Quero pelo menos uma", ele disse. Respondi "tudo bem, eu pego uma bolsa maior" - os que me conhecem sabem que eu ando com uma bolsa proporcional ao meu tamanho. Aos que não me conhecem, digo: não cabe uma máquina fotográfica lá dentro.
E então ele disse, naquele tom de brincadeira que me faz olhar pra ele como se eu fosse uma criança feliz, "não sei o que faria sem você".

Foi aí que baixou o Espírito Santo na pessoa aqui e surgiu a vontade e inspiração pra escrever o post que se segue.

O que você faria da sua vida se uma pessoa que você gosta não existisse - não pra você?
Resposta fácil: seguiria sua vida como você sempre fez antes daquela pessoa aparecer. O que me veio à mente foi que aquela pessoa não passaria de uma pedrinha no meio de um grande rio: a água desvia um pouquinho e segue seu curso.
Agora pare pra pensar se acontecesse isso com todas as pessoas que apareceram na sua vida? Não imagino uma vida sem amigos, sem amor, sem gostar de alguém ou de muitos "alguém" - viver sem nada disso nem sequer seria viver.
É muito simples e muito fácil pensar que viveremos bem sem uma ou outra pessoa e muitas vezes nos conformamos com isso e simplesmente deixamos que grandes pessoas se tornem apenas uma pedrinha no meio do curso do Rio São Francisco.
Mas a verdade é que é preciso ser sábio para ver que pedrinhas você deve fazer a água levar com ela e de que pedrinhas desviar; e também que é preciso ser forte para fazer com que todas elas sejam levadas pela água durante todo o seu curso.
Fazer amigos e manter amizades não é algo fácil, definitivamente. Mas viver sem amigos faz qualquer São Francisco não passar de um fio de água.
Algumas pessoas insistem em dizer que amizade é algo passageiro, que os amigos de ontem serão substituídos pelos de hoje quando a situação mudar e cada um seguirá seu rumo, sozinho. Mas não, não é assim. Esses que dizem isso, além de não terem uma grande vazão, não sabem que estão falando de coleguismo, e não de amizade.
Tudo o que eu tenho a dizer se resume no fato de que não me arrependo de ter parado todo o meu curso para dizer "olá" a umas poucas pedrinhas valiosas e depois seguir em frente, levando-as comigo. E também no fato de que começo todo e qualquer relacionamento com amizade - porque um namoro ou qualquer coisa do gênero, pode ser passageiro, mas uma amizade é pra sempre. E também, se não for pra sempre, não era amizade - de verdade.

Amigo é uma coisa pra se guardar no coração.

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos. (...) A gente não faz amigos, reconhece-os." Afinidades da alma, sabe?!
Amo cada um de vocês - e cada "você" sabe que estou falando de você. É, você mesmo.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

arrrgh!

O negócio é o seguinte: mudei meu blog da versão que tava para uma outra aí. Só que estou mais do que estranhando o blog agora. Sabe o que isso significa? Que eu vou ficar mudando tudo por aqui um bom tempo até me acostumar de novo com alguma outra coisa dessa nova versão. O título do post é esse aí pra dizer que eu A-M-E-I como ficou (sim, ironia pura. Quero meu blog de volta do jeito que ele sempre foi até eu ser estúpida o suficiente pra mudar). Certo então, recadinho dado.
Coisas que passaram pela minha cabeça - ou pelo meus olhos - esse dias:

- Depois de quase uma semana sem postar, pude perceber que escrever aqui não é um vício, é uma necessidade (a propósito, coloquei Carlos Drummond aqui no blog. Tá lá em baixo (não tão em baixo), logo depois dos links).

- Apesar de toda a minha vontade de fazer as aulas de arte com um artista fodão aí, começo a achar melhor desistir da idéia. Pensei em fazer kung fu.
Sim, eu sei que não tem nada a ver com as aulas de arte e tal, mas é que fazer kung fu vai sair $160 mais barato, sem contar que as aulas de arte seriam lá em São Caetano e as aulas de kung fu são a uns 400 metros da minha casa. Quem me dera ter muita grana e um motorista! Aí ficava com as duas coisas. Mas...

- Também estive pensando no que "privacidade" significa pra mim. Considerando que eu nunca tive um quarto só meu nem nenhum lugar aqui em casa onde eu pudesse ficar sem que ninguém me incomodasse - a não ser quando estou sozinha em casa. Aí sim, é tudo meu. - descobri que "privacidade" significa ter um mp3. É, isso mesmo. Ouvindo música alta, só eu, sem incomodar os outros, não há nada que me distraia nem que chame minha atenção. Ninguém me incomoda, por mais que queiram - o que as vezes faz minha mãe ficar meio brava comigo. Isso tudo também significa que quem nunca viu um teletransportador (daqueles que a gente vê em desenhos animados e que tem no The Sims e naquele seriado antigo pra caramba que eu acho que chama Guerra nas Estrelas ou alguma coisa do gênero) é porque nunca teve um fone de ouvido e um mp3 tocando as músicas que mais se gosta.

- Outro dia, rodando os canais da televisão, vi um clipe muito supimpa [risos]. Se chama Here It Goes Again, do Ok Go (é, esse é o nome da banda): muito simples, mas totalmente divertido! São quatro caras dançando uma coreografia muito divertida em cima de oito esteiras. Recomendo.
Falando em esteiras, ainda rodando de canal, encontrei passando o clipe Virtual Insanity, do Jamiroquai, do qual também gosto pra caramba.

- Sábado passado, fui assistir "Deja Vu" (assista o trailler) com a Carol no cinema. Adorei e recomendo (mas não é isso que eu ia falar). O que estive pensando é em como somos - ao menos, "sou" - vulnerável nas mãos de um diretor de um filme. Eu sento para ver um filme, sem espectativas nem nada, só sento para ver um filme. E de repente estou torcendo pro vilão se fuder, pro mocinho se dar bem, chorando, rindo, brava, inconformada ou feliz da vida. Quem consegue te fazer sentir tanta coisa em tão pouco tempo? Aplausos para os cineastas, diretores, artistas e todo mundo que faz com que o cinema seja a oitava maravilha do mundo.
Quero mesmo fazer parte desse meio.

- Fiquei feliz que nem criança quando minha irmã comprou "estrelitas" pra mim. Para quem não sabe, é um cereal em forma de estrelinhas.
Agora minhas manhãs são mais felizes assistindo Meninas Superpoderosas e comendo estrelitas.
(Só para reforçar o "atemporal".)

- Descobri que, além de tudo o que eu sou, também sou "um rolê biônico muito firmeza" e uma amora. Sim, uma amora.

- Revirando minhas coisas, achei vários textos velhinhos. Divertido. Adoro achá-los perdidos por aí - coisa que não vai acontecer mais porque agora eu tenho um blog. Vou repassá-los em um caderninho que tenho e talvez passe alguns para o blog. Talvez. Mas aí aviso que o que estarei postando é um texto idoso.

- Tenho tido uma vontade imensa de ir em um sarau. É, ouvir o que os outros têm a dizer e o que pensam, e talvez falar também. Talvez escrever poesia! Quem sabe eu sou boa poetisa e não estou sabendo?

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

foto no blog?

Manhã: sono, café da manhã na Brasileira, hospital - tirar os pontos -, compras e (muitas) risadas com a Thais e voltar pra casa dirigindo.

Bom, eu não ia dizer nada disso (o que? Que "Bruna no volante" é sinônimo de "perigo constante"?), mas vou colocar aqui algumas coisas que a Thais me falava enquanto eu dirigia. O que eu respondia não vem ao caso. Mentira, eu não me lembro mesmo o que eu respondia. Nem se eu respondia. Whatever.

- Dá seta para esquerda e entra.
- Não assim! Olha antes!
- Bru, não é pra andar na calçada (mas eu tava dando seta!).
- Cuidado com a caçamba, desvia pra esquerda.
- Não tão pra esquerda, olha pra frente!
- Calma, finge que não tá ouvindo as buzinas. É normal começar meio (modéstia dela) mal.
Tarde: agito total. Eu, no quarto, com a televisão ligada em qualquer programa vespertino chato e inútil (TV aberta é algo triste) e a máquina fotográfica nas mãos, procurando sossego em mim mesma.
E aqui vai minha (super) tarde traduzida em (dez) fotos (estranhas).










Noite: bom, como ainda não é noite (!), essa parte é um mistério. Mas suspeito que seja "Frutaria com pessoas legais".

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

[thoughts]

(Primeiro pensamento.) Para quem não sabe, eu não sou lá muito fã de tirar fotos. Fiquei pensando que eu tenho que perder essa vergonha sem sentindo - ou não - e começar a andar com uma máquina fotográfica. Acho que tenho que começar a me consolar pelo fato de não ser a pessoa mais feia do mundo - cheguei à essa conclusão depois de ir para Praia Grande (Deus nos acuda!) - e parar de perder os jogos de luz e sombra únicos e os ângulos divertidos que tenho visto nas coisas e pessoas ao meu redor. Então, começarei o post com uma foto. Sim, é só o começo. Acho que esse post ainda vai longe.

Segundo pensamento: será que tudo o que eu tenho vontade de escrever, eu devo escrever no meu blog? Assim, qualquer pensamentos, dúvida, paixão, novidade, sem discriminação de fonte de inspiração ou intenção? O que me veio à cabeça hoje foi algo que um amigo me disse uma vez.
Um dia, depois de muito - mas muito tempo mesmo - sem nos falarmos, ele perguntou como eu estava, se ainda gostava de escrever tanto quanto quando eu era pequena. Respondi que sim, ainda gostava de escrever, mas que já não achava tão fácil escrever hoje quanto eu achava quando tinha 8 anos. Disse que achava que tinha perdido a habilidade. E ele respondeu "ora, habilidade a gente não perde; deixa atrofiar por falta de uso."
De fato, escrevo muito menos hoje do que escrevia há dez anos e foi essa resposta que me incentivou a criar um blog: praticar. Não interessa o que eu vá escrever, o que importa é escrever - espero que isso signifique que todas as bobagens que eu escrevo aqui serão relevadas.

Terceiro pensamento: azar. Eu estava lá, fazendo nada de interessante, quando me surge a idéia de que não existe azar. Monologando - isso existe? -, cheguei à conclusão de que talvez seja verdade. Por exemplo, um sujeito que joga na megasena e não ganha, sai por aí dizendo que foi "falta de sorte" (azar!). Já parou pra pensar que talvez não seja falta de sorte? Que se ele ganhasse na megasena estaria jogando fora inúmeras possibilidades de crescer, como pessoa, de aprender a lidar com os problemas que as pessoas normais - aquelas que não ganham na megasena - têm, de enfrentar situções difícies, respirar tranquilo depois de resolver um problema razoavelmente simples e ficar feliz com as coisas pequenas? Certamente, ele não notaria o mundo que o cerca e nem se quer daria valor às coisas, se tudo fosse fácil.
E esse pensamento veio bem a calhar com o filme que eu estava vendo, "Um Homem De Família" - recomendo. Em suma: acho que não existe azar. O que existe é a falta de hábito de olhar o lado positivo de todos os momentos da nossa vida.

Quarto pensamento: como se enjoa de uma pessoa? Eu sempre ouço as pessoas dizendo que "têm medo de enjoar" de um certo alguém, mas eu não consigo entender isso. Por falta de alguém para me explicar, eu fiquei pensando - tem horas que solidão é uma coisa triste - nisso.
Eu, assim, o ser quase impulsivo que sou, nunca joguei fora nenhuma oportunidade de estar perto de alguém que gosto. Nenhuminha. Nunca. Acho que quem gosta, quer estar perto e pronto. E não me venha com essa história de "enjoar".
Agora, como eu não sou cabeça dura - sim, eu aceito dialogar a respeito. Mesmo que seja pra mudar de opinião -, eu tenho que ter um motivo para isso.
Meu argumento é que acreditar que é possível enjoar de alguém é acreditar na pobreza de espírito das pessoas. É acreditar que elas têm algo como um estoque de novidades e características únicas muito pequeno e que se você ver essa pessoa muitas vezes num período de tempo muito curto, não vai sobrar nada para depois e ai você vai enjoar dela.
Como eu não faço esse tipo de pessoa - a que enjoa - eu penso que todo mundo sempre tem algo a me acrescentar e que as pessoas são muito mais do que é possível se ver, muito mais do que é possível se conhecer e muito mais do que é possível se imaginar. Que dentro da cabeça de cada um há milhares de coisas e que nunca conseguiremos descobrir todas elas. Que todo mundo tem uma história pra contar e acreditando que nada é por acaso, que toda história ouvida e toda pessoa encontrada tem muito a nos acrescentar. Mas antes de qualquer outra coisa, dizer que é possível enjoar de alguém exprime a nossa falta de capacidade - ou de vontade - de descobrir nos atos mais simples algo para se pensar, algo que devemos aprender; pessoas são seres muito complexos e muito imensos para se tornarem enjoativos.



Sim, eu gosto de ficar filosofando. Não, eu não gosto de fazer isso sozinha. Sim, ainda assim - filosofando sozinha -, eu me divirto. Não, na maioria das vezes, eu não chego à muitas conclusões.
Para minha sorte - e felicidade - ouvi dizer que "filosofar não é a arte de chegar à alguma conclusão, e sim a arte de pensar". Continuarei pensando então. E escrevendo aqui também. E me lembrarei de andar com a máquina fotográfica e ver as pessoas que amo frequentemente, sem medo de enjoar.

[É, ser o único animal racional da natureza não é fácil.]

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

cansada ou chateada?

Caralho!

Já nem sei exatamente porque comecei com "caralho", mas enfim, comecei. E não, eu não vou tirar o caralho da boca. E pode até dizer que estou "revoltada", mas não diga que hoje acordei "rebelde". Sim, porque ser rebelde agora é sinal de que você adora uma bosta de uma banda mexicana. Que desgraça.

Hoje acordei cedinho e fui lá no tal do "curso" de informática que eu "ganhei". Ainda não acredito que eu acordei cedo para "aprender" coisas do tipo: desenhar no paint, inserir um plano de fundo na área de trabalho, como apertar "ctrl+alt+del" ao mesmo tempo, botão do lado esquerdo, botão do lado direito. "Tá vendo, esse aqui, ó". Precária a situação.
E eu lá, morrendo de sono. Aí ficaram insistindo para que eu desenhasse no paint também (às 8 horas da manhã, quando tudo o que você queria era estar na sua cama, quem não desenharia no paint?!). Fui lá. Meu desenho era muito simples, inclusive porque não era um desenho. Escrevi "não tô afim de desenhar, não insista" e coloquei na área de trabalho. Resolveu.
Aí vim pra casa, com uma vontade sobrenatural de mudar meu perfil do orkut. Mas isso só até eu ver uma cama na minha frente. O perfil do orkut ficou pra depois.
Acordei, arrumei a cama, tirei as roupas do varal, minha mãe começou a gritar pra eu ir lavar a louça, almoçar, pegar não sei o que, fazer aquilo lá. E tudo o que eu queria era mudar o perfil do orkut - acho que é nessa parte que se encaixa o "caralho!" do começo. E eu aqui no fundo de casa, escondida, tentando não fazer barulho pra ver se ela esquecia que eu existo e parava de gritar. Bom, não funcionou.
Então fui lá, lavei a louça, almocei sem fome, mudei o perfil do orkut e agora estou aqui, matando a saudade.

Coisas que eu diria para algumas pessoas nesse exato momento:
Mãe:
- Tá, já vou.
- Tá, já faço.
- Aham, pode deixar para mim.
- Caralho!

Avó:
- Deixa que eu pego, vó.
- Deixa que eu atendo, vó.
- Deixa que eu abro, vó.
- Tá, vó.
- Quer mais alguma coisa?
(Minha avó quebrou o fêmur, tá difícil para ela andar.)

Thais:
- Caralho!
- Vai a merda!
- Ah, não vou nem falar mais nada...
(É, essas são minhas respostas carinhosas para minha irmã quando ela diz "tô gorda", "ah, meu cabelo tá horrível", "eu sou mto cabeçuda" ou simplesmente dá risada quando alguém diz para ela que ela é linda. Então, só pra reforçar: caralho, Thais!)

Ele:
- Bom diaaa.
- Hey. Você me desculpa?
- Psiu. Obrigado.
- Menino, você é muuuito alto.
- Tô com saudade.

Primeiro pensamento pela manhã, logo que o despertador tocou?
I hate you, mother fucker.
Segundo pensamento pela manhã?
Oh, God. I really need to sleep.
(Sim, me peguei pensando em inglês essa manhã. Inglês precário, mas inglês. Vai entender.)

Estou com vontade mesmo é de tirar esse esmalte vermelho e pintar de roxo. Mas eu também sei que essa vontade só dura até eu ver uma cama na minha frente.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

múúúú

Para quem não sabe - duvido muito que alguém não saiba, mas tudo bem - eu adoro ganhar presente. Principalmente se for uma vaca ou qualquer coisa relacionada à vaca. Adoro.

Então aqui estão os dois presentes perfeitos que ganhei esse dias. Presentes sem motivo específico, sabe?

É uma caneca linda que ganhei da minha mãe e um chaveiro de vaca fofíssimo que ganhei de alguém muito foda (é, o chaveiro tá dentro da cenca, tá vendo?). Lindos, não?!

E é isso. Só postando para agradecer. De novo.
Obrigada.
Obrigado.

Ps: "múúúú" = amei!

domingo, 14 de janeiro de 2007

estafa?

Hoje o dia não passou, se arrastou. Até certo ponto.

Enquanto eu me sentia chateada sem saber exatamente pelo que - até arriscaria dar um nome para minha chateação, mas acho improvável que acertaria -, o sol esquentava, o céu se mostrava um azul bonito e sem nuvens, a casa arrumada e cheirosa, o almoço delicioso.
Dizem que o mundo não pára para você se levantar e continuar em frente, mas o que nunca tinham me dito e que eu senti hoje, é que o mundo fazia de tudo para eu que levantasse e continuasse em frente.
E como eu não neguei que o dia estava ótimo, apesar de sabe-se-lá-o-que, o fim de tarde foi fantástico com pôr-do-sol lindo, picanha, chopp e uma companhia inegavelmente agradável.

É engraçado como os amigos sempre nos ajudam. Mesmo que não saibam que nós estamos precisando deles e o quanto a companhia deles é tão importante quanto necessária, eles acabam fazendo isso quase que sem querer.

"Hey, pequena, não fique assim! Você sabe que pode com tudo isso, mesmo que não queira admitir. Fique calma e coloca um sorriso bonito nesse rosto pra agradecer por tudo o que está sorrindo pra você!"
Respiro fundo, driblo toda a tristeza e falta de ar e volto a pensar de novo naquele diferente que eu não sei se é igual.

[beijomeliga]

sábado, 13 de janeiro de 2007

a seco

Será que tudo o que via era real mesmo?
Já não sabia. Preferia ficar de olhos fechados e não ver nada, então.

Ela falava e ele não entendia. Quer dizer, não se sabe se não entendia, se não podia ouví-la ou se não acreditava; mas não desistia.
Nenhum deles desistia: ela de falar e ele de não entender.

Ficava sem ar quando se desesperava, e havia muitas coisas que a deixavam desesperada de muitas maneiras, mas não quis explicar.
Virou e se encolheu, o máximo que pode.
E ficou lá até desaparecer.
Ou até não ter mais consciência do que parecia.



[Porque errar é humano mas persistir no erro é burrice. Não queria se odiar mais uma vez.]

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

quadros

Cena 1: nós.

Ela: Me dá o dinheiro que enquanto você vai fazendo uma coisa, eu vou fazendo outra.
Eu: (Tirei o dinheiro da bolsa e dei pra ela.)
Ela: Agora é só fazer baliza. E mesmo que você derrube todos os pauzinhos, você não vai ser reprovada.
Eu: (Em 1 minuto, fiz uma baliza linda que ficou a uns 15 centímetros do meio fio.)
Ela: Eu só acho que você vai rápido demais, solta muito a embreagem. Mas enfim, agora é só esperar as meninas te ligarem para você buscar a carta. Acho que vai demorar entre 20 e 40 dias pra chegar.

Bruna: breve, motorisada . Tenha muito, mas muito cuidado, ao andar pelas ruas.

Cena 2: ele.

3 anos de idade, vestido com a roupa do homem-aranha e a máscara do batman, carregando uma sacola nas costas; andava enquanto afirmava, sorrindo, "eu sou o Papai Noel!"
Para começar o dia dando risada.

Cena 3: ele, ela e nós.

Ele: Eu tenho mesmo que ir.
Ela: Então vá.
Ele: E eu fui. Achei que talvez fosse maluca. Mas você era interessante.
Ela: Queria que tivesse ficado.
Ele: Eu também queria ter ficado. Agora eu queria ter ficado, queria ter feito um monte de coisas. Eu queria ter ficado. Com você.
Ela: Eu desci e você tinha ido.
Ele: Eu saí. Saí pela porta.
Ela: Porque?
Ele: Não sei. Me senti um menino apavorado. Era mais forte que eu.
Ela: Estava com medo?
Ele: Estava. Pensei que soubesse que eu era assim. Corri de volta pra fogueira, tentando superar minha humilhação, eu acho.

Nós assistindo e pensando "poxa!"
Eu: Vou colocar esse diálogo no meu blog hoje.
Ele: (risos)

Cena 4: ele e eles.

Ele 1: Vi você falando com uma garota bonita.
Ele: Ela era legal.
Ele 2: É, quem era?
Ele: Era só uma garota.

E ia embora deixando para trás todas as lembranças, vendo, pela janela do carro, tudo encaixotado e jogado no chão. Não se mexeu e nem sequer tentou fazê-lo; haviam concordado que daquele jeito seria melhor: a deixaria lá, com as lembranças e as caixas no chão.

Cena 5: eles.

A: É muito foda. Muuuito foda.
O: Agora eu entendo porque você gosta tanto.
A: Porque é muuuuuuuuuuito foda. Foda demais! Fodão! Fodíssimo! Fodástico! Não tem como não gostar! É simplesmente impossível!
O: Tá bom, eu deixo você dizer mais uma vez.
A: Muuuuuuuuuuuuuuuuuuito foda!

Cena 6: cena que se ouve.

"Por Onde Andei", Nando Reis.
"Uma Parte Que Não Tinha", Teatro Mágico.
"Meu Amor, Meu Bem, Me Ame", Zeca Baleiro.
"Yellow", Coldplay.
"Separô", Teatro Mágico.
"Mar De Gente", O Rappa.
"Cotidiano/Você Não Entende Nada", Chico Buarque e Caetano Veloso.
"Malemolência", Céu.
"Assim", Rumbora.

Cena 7: eu e você.

Eu: Você é alto.
Você: Isso não é problema, eu abaixo.
Eu: Quero ter seis filhos.
Você: Desde que uma filha se chame Paola.
Eu: E já tá pegando meus filhos pra você também?
Você: Ah, se eu não for pai, posso ser padrinho?
Eu: Claro. Eu vou ter seis filhos, deixo você ser padrinho de um deles.

Cena 8: ele, sobre "nós".

Ele: Quanto tempo ela falou que demora pra chegar sua carta?
Eu: Entre 20 e 40 dias.
Ele: Bom, então eu ainda tenho um mês para andar pela cidade sem medo.

Só porque eu não sei pilotar nem carrinho de supermercado!?

Cena 9: coffeebreak (porque a conversa não rende quando se está morto de fome).

- Eu? Eu sou indescritível e imprevisível (ou seria "inesquecível"? "Imprescindível"? "Imprestável"?).
- Wow (e olhar que engolia)!

Cena 10: diz/disfarça.

Eu: Hey, você se apaixonaria por mim?
Você: Como assim?
Eu: Eu custumo me apaixonar pelas pessoas com as quais eu me sinto bem, e eu me sinto muito bem com você. Me apaixonaria por você muito fácil.
Você: Eu me apego às pessoas que me fazem sentir bem.
Eu: Obrigado pelo dia perfeito e pela companhia maravilhosa.
Você: Obrigada você.

Você
: Pára com isso! Isso vicia! Assim você me deixa sem ar.
Eu: (Não. Assim eu faço o fato de você respirar valer a pena.) Posso te contar um segredo?
Você: Pode, claro.
Eu: Você é foda.
Você: Hein?
Eu: Não, isso é uma coisa boa.
Você: Ah...
Eu: Posso te contar outro segredo?
Você: Pode.
Eu: Você é muuuuuuuito alto.

E, por conta do atraso - para variar e não perder o custume -, saí correndo. Apaixonada? Talvez. Feliz? Com certeza.

Cena 11: não sei quem, não sei onde.

"How happy is the blameless vestal's lot. The world forgetting, by the world forgot: eternal sunshine of the spotless mind. Each prayer accepted and each wish resign'd."
- I wanna be a great, big, huge elephant, with a huge trunk like that!

Cena 12: elas.

Ela 1: É hora de recomeçar. E ficaríamos muito orgulhosos de assistir à esse recomeço e poder participar dele também. Sinta-se à vontade para nos chamar sempre que precisar.
Ela 2: Vocês são pessoas muito boas. Com certeza nascerá uma grande amizade dessa experiência. Digo, já nasceu.

Aí eu desliguei a televisão. Fico muito feliz pela felicidade geral no final, mas eu tenho que postar no meu blog.

Cena 13: eu, agora.

No computador, três horas da manhã, escrevendo um post para o dia anterior - dia 9, apesar de o post ir para o dia 10 por conta da hora. Não consegui entrar na internet antes e fiquei chateada de não poder lhe agradecer. Mais uma vez.

Nos ouvidos
: sua voz.
No coração: saudade.
Nos pés: bolhas originadas pelo tênis bonito que machuca.
Na memória: seus abraços e sorrisos.
Na cabeça: esparadrapo, hematomas e cabelo bagunçado (pelo vento, obviamente).
Nas mãos: dedos agitados que sabem que estão digitando um monte de besteiras e ainda assim não se acalmam; porque minha vergonha pelas coisas que escrevo não é maior que a minha felicidade inquietante.
Nos olhos: hematomas de retoque de cirurgia que se misturam com olheiras de sono.
No pescoço: picada de pernilongo.
Nos lábios: sorriso de lado a lado, estampado com uma felicidade indescritivelmente grande e que compensa todo o resto. Sim, "tudo" virou "resto".

Pensando em você, tomando chá verde com laranja, comendo biscoito maisena e ouvindo "Amity".

Cena 14: eu, daqui 5 minutos.

Bruna babando no teclado.
Vou embora antes que essa cena aconteça realmente.



Hoje, definitivamente, o dia foi perfeito.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

garota

Pequena, contendo milhões. Mas, acima de tudo, humana.

Era pequena, mas tão requisitada por tantas pessoas e tantas coisas que começava a achar esse mundo pesado demais para uma criatura do seu tamanho. Sua voz ia sumindo entre problemas e preocupações e não sabia como fazer. O tempo não era suficiente, sobravam problemas e faltavam-lha forças. Deitada, com a cara enfiada no travesseiro, queria desistir; mas sabia que não podia e por isso continuava seguindo em frente. Sabia que tinha que permanecer de pé e deixava diluir-se em problemas alheios. Deixava-se consumir pela desgraça ou pelo sucesso daquilo que a cercava.
Sim, está tudo fora do lugar.

Você é mais forte que isso. Sei que não é fácil ser tão brilhante quanto você, mas você sabe que pode com tudo isso. Você sabe que nada acontece por acaso. Também sabe que precisa de um tempo para você: ninguém pode querer trazer o mundo nas costas quando o seu estiver desabando. Respire.
Você também é importante. Apoie-se naquilo que é concreto - não, isso não quer dizer "cimento" -, naqueles que você sabe que estarão sempre do seu lado. Porque você é iluminada demais para estar sozinha.
Anjos cuidam de você lá do alto. Seus amigos cuidam de você daqui.
Pode sempre contar comigo, querida.

[E quando estiver saturada das coisas, haja com sabedoria: mande tomar no **.]

domingo, 7 de janeiro de 2007

saudade e saudação

Seriam três palavras suficientes para definir alguém? Não alguém como você.
Esperei quase 40 minutos tentando me responder pelo que eu esperava. Só descobri depois.
Inquieto. Intenso. Supreendente. Sincero. Presente. Inquietante.
Esperava pelo menino que roubaria de mim toda a minha tristeza.
Indescritível era a vontade com que eu gostaria de poder parar o mundo naquela noite, naquele abraço.
Posso dizer que toda a espera valeu a pena; e eu esperaria quantas vezes fosse preciso.

sábado, 6 de janeiro de 2007

pra terminar

Amar sem medo de outra desilusão?
Romântico é uma espécie em extinção.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

se apegar ou só pegar?

Como o tédio é muito grande, eu fico vagando por aí. Sem rumo mesmo, cercada de pensamentos pesados e pouco animadores. Foi bem nessa hora que eu me lembrei.

Porque teria terminado? Quando olhei, o que vi foram duas pessoas que se gostavam, felizes. E, de repente, já não havia mais "eles". Havia ele e havia ela, cada um no seu canto.
Me lembrei daqueles dias em que eu não fui "eu", eu era "nós". Me lembrei das promessas, dos abraços, das conversas, das brigas, das declarações, supresas, das vezes em que tudo me fez rir e das vezes em que me fez chorar tanto que quase desidratei.
Eu não mudei. Foi ele que nunca me acompanhou; acho até que nunca fez questão. E do dia pra noite, não havia mais nada. Tudo se resumia a pó.
Não havia fotos - sim, nunca tiramos fotos -, não sobrou nada que eu pudesse ver e sentir e tudo o que era escrito, sumiu com um simples "delete". Deletei. Deletado.
Nada que se possa explicar, nada que se possa entender.
Sim, "nós" nunca fomos um só, mas eles... Olhando-os de longe, não havia motivo pra tudo aquilo ter se dividido de novo. Ficavam bem juntos. Não entendia.
Será que sofreram? Ou será que sofriam, ainda? Pensavam um no outro? Sentiam saudades daquele tempo, das promessas e dos abraços?
Bom, eu penso neles. Talvez lamente, talvez não. Mas não entendo.
Definitivamente, é preciso ter fôlego pra gostar de alguém. Quando sentimento puro, é preciso ter fôlego para começar algo e mais fôlego ainda para terminar. É preciso ser forte para se manter quando metade de você não existe mais.
Amar
alguém, não é fácil; não é para qualquer um.

Em todo caso, respire fundo. Sobreviva. Esqueça. Recomeçe. Não brinque com o sentimento alheio: estar com alguém pensando em pessoas do passado é o que eu chamaria de traição; não diga palavras doces para alguém preferindo que fosse outra pessoa que estivesse ouvindo, porque assim você permite que alguém crie sentimentos para vocês que nunca serão seus.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

just a whisper

"Pegou-se pensando em porque deixaria que estivesse ao seu lado alguém que já não sabia se queria por lá. Será que tanto esforço e tantos sapos engolidos valiam a pena?
Tinha medo. Medo de arriscar e ficar só, de novo. Não conseguia enxergar o seu valor e então não podia perceber que alguém assim dificilmente ficaria só por muito tempo.
Era inteligente, de uma simpatia contagiante e um sorriso cativante. Do que teria medo? Já não sabia. Apenas não queria sair do lugar onde estava, por pior que este fosse."

E eu passava horas ouvindo e repetindo na minha mente aquilo que dizia ao meu redor. E não entendia. Se não gostava, se detestava a idéia de outra pessoa - como aquela, digamos - do lado daquela primeira, porque teria ido embora? Se, de sua parte, faria as coisas diferentes, que importa isso agora? Decidiu-se por ir embora e foi isso que fez aquela primeira pessoa sofrer tanto a ponto de ter medo de estar só de novo. Do que estaria reclamando agora? Foi a sua decisão de ir embora que causou tudo isso.
Confesso, ainda prefiro aquela "sinceridade que machuca do que a mentira que 'traz' felicidade". Por isso não digo nada disso, só penso isso. Penso pra mim. Observo e guardo pra mim. Guardo para arrumar as idéias mais tarde e fazer aquela primeira pessoa ver que não há o que temer. A vida é cheia de quedas e deixar-se abater por uma delas nos impede de descobrir tudo o que deveria ser nosso.
Não deixe que um tombo tire o seu fôlego pra continuar em frente. Sim, sei que é difícil e não te culpo; apenas lhe aconselho a passar a ver essa pessoa maravilhosa que você é toda vez que se olhar no espelho.

Você merece mais. Permita-se ter mais.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

[falling apart]

Para onde fugir?
Cada vez que piscava, os olhos ameaçavam fechar pra sempre. Cada vez que o caração batia, sentia que este queria parar. E ensopado daquele jeito, o corpo que sempre fora insustentável, ameaçava ceder à qualquer passo.
A quem recorrer? Naquela noite onde tudo parecia uma brincadeira de mal gosto, ele teve medo de se perder no mundo de sombras em que fora jogado.
Sem ar nem rumo, deixou que o levassem: primeiro seu corpo, depois sua alma e, por último, toda sua esperança.
E ai escorrendo pelo bueiro sem ser percebido, esperando que o sol o perdoasse e voltasse logo para trazer de volta tudo o que ele deixou que lhe fosse arrancado.
Mas não havia mais sol nenhum.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

e que venham os anos!

Para um amigo especial. Especial mesmo.

Eu também não me lembro quando foi que começamos a nos falar mas, com certeza, aquele dia fez muita diferença na minha vida.
Não me lembro o que achei de você na primeira vez que te vi e nem o que você significava para mim no começo da nossa convivência. Estudávamos na mesma classe mas, mesmo tão perto, estávamos muito longe. A única coisa que sou capaz de dizer é tudo o que você se tornou e o que significa pra mim.
Acho que você se tornou especial pra mim porque te vi crescer; você cresceu muito, menino. Eu sinto isso. Percebi como isso é verdade porque - nem sei se você reparou - você aprendeu a abraçar. Eu me lembro que você evitava qualquer contato físico com qualquer um. Estava sempre de braços cruzados, só olhando e analisando. E de repente eu percebi que você me abraçava e me ajudava quando eu precisava ficar de pé e não conseguia sozinha. Será que você percebeu que agora você faz parte daquilo que antes você só ficava olhando e analisando?
Me deixa feliz que hoje você venha me dizer que, de alguma forma, tive participação nessa sua atitude de mostrar para todos o quanto você é maravilhoso. Descobri que você é apaixonante e acho que você descobriu isso também.
Você me entende melhor do que eu mesma. Já disse isso mil vezes, mas vale repetir que você sabe quando me abraçar e quando me crucificar, sem dó nem piedade, para eu aprender alguma coisa com as minhas dúvidas e meus medos. Você me ouve sem me julgar e me dá oe melhores conselhos ( os mais sinceros).
Você é foda. E é por isso que você é tão importante pra mim.
Manter contato? Não tenha dúvida. Na capital, em Bauru, dividindo um apartamento ou separados por um continente inteiro. Manteremos contato porque durante esse tempo que passamos juntos, criamos algo que nada nem ninguém pode destruir ou separar: amizade verdadeira.

Te amo por tudo, meu amigo. Por tudo o que você fez e faz por mim e por tudo o que você se tornou. Tenho muito orgulho de você e de ser "seu buda".
[hahahahaha]